O bilionário Elon Musk está no Brasil. O fuxico desta sexta-feira, 20/05, é a reunião que o dono das empresas Tesla e SpaceX, que oferece turismo espacial e internet banda larga via satélites de baixa altitude, teve com o presidente da República, ministros e vários empresários. A Amazônia foi um dos temas da agenda do oligarca mais rico do mundo com a trupe brasileira em São Paulo. O Pará Terra Boa lista abaixo alguns motivos que fazem com que Elon Musk esteja de olho, literalmente, na nossa região.
Conexão na Amazônia
Elon Musk veio ao Brasil tratar de um projeto de conexão via satélite de baixa órbita para a Amazônia. Seria fornecer internet para locais remotos no bioma, além do Nordeste, abrangendo 19 mil escolas em áreas rurais.
Só que esse serviço já está em operação no Brasil desde 2017, por meio de um acordo da Telebras com o concorrente de Musk nos Estados Unidos, a Viasat Telecomunicações, do bilionário Mark Dankberg.
Em janeiro, Musk obteve o direito da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de exploração no Brasil de satélite de baixa órbita para a Starlink, sistema de satélites da sua empresa SpaceX. Seu direito de exploração vai até 2027 para todo o território brasileiro. Outras empresas do setor, no entanto, como Kepler, OneWeb, Swarm e Lightspeed, também obtiveram o mesmo direito da Anatel.
Ele não deu detalhes desse projeto em sua visita hoje ao Brasil, nem de custos nem de prazos. Musk foi questionado por estudantes do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) sobre privacidade dos dados coletados.
“Mesmo que quiséssemos, não saberíamos qual dado pegar. Sobre proteger a Amazônia, temos que usar os dados, porque a Amazônia é gigantesca. Se você tentar fazer um monte de fotos e vídeos para entender o que esta acontecendo, a quantidade de dados a ser transmitida será enorme, então, precisamos dessa conectividade para monitorar a Amazônia efetivamente”, respondeu num dos momentos, sem especificar o que estaria nesse monitoramento.
Bolsonaro, por sua vez, disparou que o mundo publica muitas “mentiras” sobre a Amazônia e que, por isso, o oligarca seria um “mito da liberdade” por ter nas mãos a tecnologia, como os satélites, e a ferramenta, como o Twitter, que pode ser comprado pelo empresário bilionário. Agora, se a proposta é falar a verdade sobre a Amazônia, isso vem sendo feito no Brasil por, no mínimo, três instituições: o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) por meio do Deter e o sistema Prodes, o Imazon e o MapBiomas.
Metal
Elon Musk está desesperado para explorar lítio e níquel pelo mundo afora porque precisa dessas matérias-primas para fabricar seus carros elétricos. Tanto que a Tesla já assinou contrato com a Vale para explorar o níquel no Canadá. Em fevereiro, o preço do metal disparou no mercado mundial, ou seja, está valendo uma fortuna e enchendo o bolso de quem o comercializa.
O paraense já sabe que nosso Estado é rico em níquel. Tanto que a empresa Horizonte Minerals Plc, com sede em Londres, tem dois projetos de exploração do metal no Pará: o chamado Araguaia, voltado para produção de ferro-níquel em Conceição do Araguaia, e o Vermelho, hoje em fase de estudos de viabilidade, voltado para produção de níquel e cobalto em Canaã dos Carajás.
Como a demanda por níquel anda grande por causa da expansão do setor de carros elétricos, os satélites do oligarca Elon Musk teriam motivos que vão além de somente conectar a Amazônia.
Política
O noticiário anda agitado há semanas com a novela da compra de Elon Musk da rede social Twitter. Como informação e dados são praticamente duas commodities hoje no mundo, o controle da ferramenta pelo bilionário pode impactar na difusão de conteúdos na rede. Por isso, além de chamá-lo de “mito da liberdade”, Bolsonaro acrescentou que o oligarca representa um “sopro de esperança” por causa dessa possível compra do Twitter.
Como é sabido, Bolsonaro é contra políticas do Twitter de banimento de perfis dedicados à proliferação de notícias falsas pela rede, assim como Donald Trump, que está suspenso da rede por incitar a invasão ao Capitólio (Congresso) dos Estados Unidos durante a posse do presidente Joe Biden, em 6 de janeiro.
Bolsonaro alimenta essa esperança do “liberou geral” pelo Twitter no momento em que ele é candidato à reeleição. Elon Musk, por sua vez, parece ter apreço por perfis políticos que desafiam a democracia, afrouxam legislação ambiental e dão sinal verde para violação de soberania nacional. Em 2020, ele disse em rede social que os Estados Unidos poderiam dar um golpe de Estado na Bolívia para que a Tesla tivesse acesso ao lítio da região.