Por Gisele Coutinho
O Pará Terra Boa conversou com o diretor do filme “Pureza”, Renato Barbieri, sobre a saga da maranhense Pureza Lopes Loyola durante três anos em busca do filho desaparecido, que foi encontrado em nosso Estado em situação análoga à escravidão. Ele contou sobre sua admiração pelo Pará e aproveitou para convidar a todos que estão em São Félix do Xingu para duas sessões gratuitas do filme nesta sexta-feira, 03/06.
Vencedor de 28 prêmios nacionais e internacionais, “Pureza”, protagonizado por Dira Paes, que também faz parte da novela “Pantanal”, se tornou um símbolo do combate ao trabalho escravo contemporâneo.
Escravidão moderna
De 1995 a 2020, foram encontrados 55.712 trabalhadores em condições análogas à de escravo em todo o Brasil. Somente no Pará, foram 13.225 resgates nesse período. As informações são do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas.
Para o diretor de Pureza, “esses números mostram a ponta do iceberg e o quanto ainda temos que fazer para afirmar os valores da liberdade e da dignidade humana e fazer valer como nação que esses sejam atributos reais e não uma letra morta”.
“Sei que existe um desmatamento forte acontecendo e essas áreas parecem ser as mais violentas, por destruir a floresta, você destrói tudo que nela está envolvido, inclusive as populações originárias, que trabalham na coleta de frutos, no cultivo agroflorestal. Eu acho que essas regiões do desmate, de terra arrasada, são muito violentas”.
No documentário, de 20 pessoas do elenco, 10 são paraenses ou foram criados no Pará. Como Taiguara Bezerra, que está no filme.
“Nasci no Maranhão, mas fui criado em Eldorado dos Carajás. Minha família migrou para o Pará quando eu tinha 10 dias de nascido, em 1987”, conta.
Pará no coração
O diretor também falou do carinho que tem pelo Pará e sua gente, lembrando de amigos e destacando o valor cultural do Estado.
“Tenho uma ligação com o Pará muito forte, assim como tenho com o Maranhão. O tema da escravidão é muito forte nesses lugares, mas também em outros Estados. No Pará, eu me tornei amigo de grandes abolicionistas, como o juiz do trabalho Jônatas Andrade e a socióloga Geuza Morgado. Encontrei também no Pará uma mescla, um Estado com pessoas incríveis, grandes humanistas e grandes artistas também”, conta Renato Barbieri. “Minha admiração só cresce pelo Pará e por essa cultura fabulosa de raiz, impactante e vibrante”.
Serviço
Serão duas sessões: às 15h e às 19h, no auditório do SINTEPP- Av. Piauí, 2506 – São Francisco, com participação da direção, elenco e convidados especiais. É preciso garantir o ingresso com antecedência por esse formulário online ou pelo WhatsApp (94) 98402-8075.