Um estudo publicado na revista científica Environmental Pollution por pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, no dia 15 de junho, mostrou que o agrotóxico 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético) pode ser mortal para animais expostos ao produto, informou a jornalista Nádia Pontes na edição brasileira do site alemão Deutsche Welle. Trata-se do primeiro estudo de análise do impacto do agrotóxico em animais.
A exposição dos animais ao herbicida desencadeou efeito tóxico capaz de aumentar as taxas de letalidade. No caso dos peixes, é possível que estruturas mais sensíveis como mucosas e brânquias funcionem como uma porta de entrada para o produto químico.
“Mesmo quando o componente não chega ao ponto de ser letal para os animais, ele pode trazer outros danos, como no comportamento ou na reprodução, o que pode levar a um desequilíbrio ecológico”, diz Ana Paula da Silva ao site, primeira autora do estudo, que usou os dados de 87 pesquisas prévias para chegar a conclusão.
O efeito do agrotóxico sobre a saúde humana também é devastador. “Eles (os estudos anteriores) mostram que as pessoas expostas a pesticidas como o 2,4-D têm uma taxa maior de linfoma não-Hodgkin do que pessoas que têm um contato muito raro”, afirmou Nédia Ghisi à DW, professora da Utfpr e uma das autoras.
Esse tipo de câncer tem origem nas células do sistema linfático e se espalha de maneira não ordenada. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), existem mais de 20 tipos diferentes de linfoma não-Hodgkin.
O site lembra que dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam que de 2007 a 2015 foram registrados 619 casos de intoxicação por 2,4-D no Brasil. A maioria deles (71%) eram em homens da zona rural que sofreram a exposição durante o trabalho, com destaque para atividade de pulverização em culturas de arroz e pastagem.
Após reavaliar o registro do agrotóxico em 2019, a Anvisa reconheceu os riscos para os trabalhadores rurais e mudou algumas regras referente à sua aplicação. Mas o órgão afirmou que o 2,4-D não causava câncer e que não oferecia riscos para os sistemas reprodutor e endócrino humanos, e optou por manter o produto no mercado.
Fonte: Deutsche Welle Brasil