As florestas desempenham um papel importantíssimo para a sociedade. Estima-se que 1,2 bilhão de pessoas no mundo dependem das florestas como meio de vida. Infelizmente, no entanto, muitos desses ecossistemas vitais estão degradados.
Um estudo do WRI estima que 2 bilhões de hectares no mundo todo tem algum grau de degradação. No Brasil, estudo do LAPIG identificou 69 milhões de hectares pastagens com degradação moderada ou severa no País.
Como reverter esse cenário? A restauração de florestas e paisagens é um caminho. Trata-se de um meio de reestabelecer as funções ecológicas da floresta e a produtividade da terra. Por ser tão importante, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu a década de 2021-2030 como a Década da Restauração de Ecossistemas.
O que ganhamos com a restauração florestal?
Um exemplo é na melhoria da qualidade do solo e da água. As florestas reduzem a erosão e aumentam a fertilidade do solo. Ao controlar a erosão, elas diminuem a quantidade de sedimentos – terra e solo – que entram nos rios, melhorando a qualidade da água como um todo. Um estudo do WRI Brasil mostrou que a restauração e conservação em áreas prioritárias dos reservatórios de abastecimento de água, por exemplo, reduz custos com produtos químicos no tratamento. Isso poderia resultar em economias de R$ 338 milhões em São Paulo e R$ 259 milhões no Rio de Janeiro.
A restauração também tem papel crucial no combate e adaptação às mudanças climáticas e na proteção da biodiversidade. Estudos do IIS na Amazônia e Mata Atlântica mostram que a restauração pode retirar da atmosfera mais de 18 milhões de toneladas de carbono e reduzir o risco de extinção para 369 espécies na Amazônia e 647 espécies na Mata Atlântica. Outro estudo mostrou que a restauração de áreas degradadas pode aumentar a resiliência e com isso ser uma estratégia efetiva de adaptação da agropecuária brasileira às mudanças climáticas.
Na ponta do lápis
O Brasil precisa de uma série de medidas econômicas inteligentes para fazer uma transição para uma economia de baixo carbono mais sustentável, resiliente e justa. Essa transição é uma grande oportunidade econômica – estudo do WRI Brasil estimou que pode gerar um benefício de R$ 2,8 trilhões para o PIB do País. A restauração é parte dessa equação. Esse mesmo estudo mostra que a recuperação de pastagens degradadas, por exemplo, tem o potencial de aumentar o PIB em R$ 19 bilhões.
Além disso, a restauração é estratégia crucial para gerar empregos e renda no campo. Segundo estimativa do Planaveg, a restauração e reflorestamento têm potencial de criar 191 mil empregos diretos no meio rural por ano.
Como restaurar?
Não há uma única forma de restaurar ou recuperar paisagens. Pelo contrário – são múltiplos os modelos e possibilidades de restauração. Isso pode ser usado a nosso favor: dependendo da paisagem em questão, da comunidade ao redor, pode-se escolher modelos e técnicas que estejam de acordo com as necessidades. Esses modelos podem ser puramente ecológicos, para recuperar um ecossistema, econômicos, com finalidade de exploração de produtos florestais madeireiros e não madeireiros, ou misto. Confira alguns dos caminhos para restaurar.
- Regeneração natural assistida (RNA): intervenções humanas para facilitar que uma área degradada se regenere .
- Plantio direto ou semeadura: a restauração ativa, seja por meio do plantio de mudas, ou pelo uso de sementes em forma de muvuca.
- Silvicultura com espécies nativas: a produção de madeira de qualidade a partir de florestas plantadas nativas.
- Sistemas Agroflorestais: modelos que integram árvores e lavouras.
- Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF): técnica que permite integrar, num mesmo espaço, produção agrícola, criação de gado e silvicultura.
Fonte: WRI Brasil (Bruno Calixto, Mariana Oliveira, Fernando Corrêa e Joana Oliveira)