Análise do Instituto Igarapé, a partir de mais de 300 operações da Polícia Federal (PF) realizadas entre os anos de 2016 e 2021, demonstra que, além de possuir uma natureza organizada, a criminalidade ambiental na Amazônia está muito longe de ser um problema apenas local. As ramificações do ecossistema do crime ambiental, segundo o documento divulgado na quarta-feira, 21/7, chegaram em 24 dos 27 Estados brasileiros, com exceção de Alagoas, Pernambuco e Paraíba.
Nosso Pará é o Estado que mais aparece no mapeamento, com um total de 161 territórios em 46 municípios decorrentes de 83 operações da Polícia Federal.
Rondônia aparece em segundo lugar com 122 territórios em 29 municípios e o Amapá vem em seguida com 101 territórios em 10 municípios. Fora da Amazônia Legal, o Estado de São Paulo se destaca com 36 territórios, seguido do Paraná com 14 territórios e do estado de Goiás com 10 territórios.
O setor da madeira é o que mais possui territórios mapeados. 87% estão dentro da Amazônia Legal e 13% estão fora dela. 23 Estados brasileiros e 166 municípios aparecem nos territórios conectados a esta economia ilícita.
Já no caso da mineração ilegal, os mais de 350 territórios identificados se distribuem em 125 cidades espalhadas por 20 Estados brasileiros, com destaque para Alto Alegre (RR), Ourilândia do Norte, Itaituba e Jacareacanga (PA) e também para a cidade de São Paulo (SP).
O que está por trás
Grupos associados aos crimes ambientais na Amazônia, como extração ilegal de madeira e minérios, desmatamento e ocupação ilegal de terras, também atuam em outras frentes criminosas, como fraudes, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e pessoas, crimes contra o sistema financeiro e sonegação fiscal, entre outros.
Brasil e fronteiras
Em todo o Brasil, o estudo identificou a presença dessas quadrilhas em 254 municípios, com destaque para Estados de fora da Amazônia Legal, como São Paulo, Paraná e Goiás. A atuação criminosa, no entanto, não se limita ao território brasileiro: na América do Sul, as operações da PF tiveram desdobramentos em Guiana Francesa, Venezuela, Suriname, Colômbia, Paraguai e Bolívia.
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