Por Gisele Coutinho
Se no Sudeste o cumaru é considerado a baunilha brasileira na gastronomia, no Norte, a semente é valorizada por seus valiosos atributos medicinais. Povos tradicionais usam casca, folhas e sementes para chás e infusões em álcool.
Depois de conversar sobre a importância do cumaru na economia paraense com Lorenaldo Almeida, um dos responsáveis pela Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) e morador do território Quilombola Erepecuru, o Pará Terra Boa quis saber como o cumaru é consumido na comunidade, especialmente nos municípios de Alenquer e Oriximiná.
“Por aqui, usamos cumaru como remédio caseiro. No chá, para gripe, resfriado ou amenizar efeitos da covid-19. A gente faz chá de cumaru com alho, às vezes com arruda. Nossa farmácia no quilombo é a floresta”, conta Lorenaldo.
E ele tem razão. O uso do cumaru para fins medicinais está em estudo por várias universidades, inclusive pela Universidade Federal do Pará (Ufopa). Mas é preciso cuidado. A cumarina, substância presente na semente do cumaru, tem propriedades medicinais, mas também tóxicas. A quantidade a ser usada não pode extrapolar 1 grama por pessoa. Coisa que o povo da floresta sabe muito bem como lidar.
Perfume doce e aromático
Em pratos doces ou salgados, em drinques, com café, no leite… Quem sente o aroma intenso do cumaru não imagina como a semente é versátil na gastronomia. Experimente deixar uma cachaça com uma fava de cumaru em infusão para sentir o ar sofisticado que a bebida vai ganhar. A dica vale para qualquer destilado.
A baunilha amazônica, como é chama por muitos chefs de cozinha renomados, vai bem no pudim de macaxeira, mousse de chocolate, no mingau e até mesmo no curau. Basta ralar a semente em uma pequena quantidade para garantir o toque especial à receita.
Entre as receitas salgadas, o peito de pato e a carne de panela combinam muito com a fava que serve como especiaria. Ficou curioso? Clique aqui para conferir algumas receitas no site Receitas da Amazônia.