O povo paraense não tem paz. Lideranças locais e indígenas de Novo Progresso (PA) estão sendo ameaçados.
O jornal Estadão teve acesso a uma carta que foi deixada na segunda-feira, 12/09, no Instituto Kabu, organização indígena que atua na proteção do povo Kayapó Mekrãgnotí, na região sul do Pará, conhecida pela prática de grilagem de terras, desmatamento e exploração ilegal de minérios.
A carta anônima traz ameaças contra a instituição, dando um ultimato para que feche suas portas em 10 dias. A Polícia Federal diz não saber a origem das ameaças.
“O Instituto Kabu vem a público rechaçar as seguidas ameaças que seus representantes, funcionários e familiares vêm recebendo relativas à sua suposta responsabilidade por operações em garimpos ilegais realizadas recentemente por órgãos do governo (Polícia Federal, Força Nacional e Ibama) em Novo Progresso, no Pará”, diz uma nota publicada pelo instituto na segunda-feira.
A missão do Instituto Kabu e dos indígenas que representa é promover alternativas de desenvolvimento sustentável e a conservação da floresta em pé dentro das duas Terras Indígenas, em prol das famílias associadas e de futuras gerações. Receberam recentemente mais de 2 mil alunos, professores e moradores de Novo Progresso na exposição de fotos anual, na qual foram divulgados a cultura e o modo de vida dos Mebêngôkré-Kayapó.
“Ameaças a nossos integrantes e colaboradores, assim como o ultimato apócrifo recebido nesta segunda-feira (12 de setembro de 2022), dando um prazo de 10 dias para que o Instituto Kabu feche as portas, são tentativas deliberadas de desviar a atenção e de incitar a população contra uma associação indígena idônea”, diz o texto do Kabu.
O instituto afirma ter acionado as autoridades competentes para que busquem os responsáveis e garantam o cumprimento da lei e da ordem.