Outubro é o mês mais especial para o povo paraense, mas este outubro é diferente, pois a maior procissão do mundo, o Círio de Nazaré, volta às ruas de Belém do Pará, por completo, com todos os seus símbolos, fé e devoção.
São 230 anos de uma devoção e fé que poucos conseguem explicar e, muitas vezes, difícil de relatar. Só vivendo para saber. Mesmo com a grande procissão ocorrendo somente no segundo domingo de outubro, o povo paraense vivencia o Círio o ano todo, por meio de inúmeros eventos organizados pela Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) e Arquidiocese de Belém, chefiada pelo Arcebispo Dom Alberto Taveira Corrêa.
A grande procissão sai neste domingo, dia 09, da Catedral de Belém, com destino à Basílica Santuário, erguida no mesmo local em que a Imagem foi achada em 1700 pelo caboclo Plácido. Percorre o Centro Histórico de Belém e alguns dos principais monumentos representativos da história da cidade, como o Ver-o-Peso, Estação das Docas, Praça da República, entre outros. São em torno de seis horas, num percurso de 3.600 Km, em que mais de 2 milhões de pessoas devem caminhar em oração, devoção e agradecimento.
Trasladação
Já neste sábado, 08, o momento de emoção e fé será vista na segunda maior procissão do Círio de Nazaré, a Trasladação, que leva a Imagem do Colégio Gentil Bittencourt até a Catedral de Belém, para a saída do Círio, no domingo, 09. A Trasladação, ou procissão de luz, começa às 17h30 e deve atrair um milhão e quatrocentos mil fiéis. Antes da saída da romaria, às 16h30, haverá missa celebrada por Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo metropolitano de Belém, no altar instalado sobre um tablado em frente ao Colégio Gentil Bittencourt.
Com percurso de 3,700 Km, a Trasladação faz o sentido inverso do Círio, com chegada prevista para as 23h30. Diferente do que ocorre no Círio, o único carro que sai em procissão na Trasladação é a Berlinda – que conduz a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré.
A procissão terá como percurso a avenida Nazaré, avenida Presidente Vargas, rua Boulevard Castilho França, avenida Portugal, rua Padre Champagnat, terminando na Igreja da Sé.
Para saber a programação completa do evento, clique aqui.
História
E por que o achado de uma Imagem se transformou em uma das maiores demonstrações de fé da humanidade?
Relatos apontam que Plácido encontrou a imagem em uma bifurcação de um taperebazeiro (árvore do taperebá). Ele a levou para sua casa e a colocou em um pequeno altar de miriti, onde estavam um crucifixo e outras imagens de santos de sua devoção.
No dia seguinte, a imagem teria sumido. Ao retornar ao local do achado, percebeu que ela se encontrava no mesmo lugar do dia anterior. O fato repetiu-se durante alguns dias e a notícia do “desaparecimento” se espalhou, provocando a intervenção das autoridades civis e eclesiásticas, fazendo com que fosse levada para o Palácio do Governo, para o Paço Episcopal e à recém-erguida Catedral, de onde ela também sumiu, sendo encontrada no mesmo local de origem.
Por conta dos desaparecimentos, Plácido teria entendido que a imagem deveria ficar no local onde fora encontrada e ali construiu uma ermida para abrigá-la. O local do achado é onde hoje se encontra a majestosa Basílica Santuário.
Símbolos
Além disso, ao longo da história, incontáveis são os relatos de graças alcançadas por intercessão de Nossa Senhora de Nazaré. Desde a primeira procissão, em 1793, até hoje, alguns elementos foram incorporados à grande Romaria como: a Berlinda, carro especial para a condução da Imagem Peregrina, puxado pelos devotos; a Corda de 400 metros, divididas em 5 estações e dois núcleos; e os 14 Carros de Promessas.
Com o passar do tempo, outras romarias e eventos foram integrados ao calendário oficial que conta, hoje, com 13 romarias. Em 2014, a organização do Círio recebeu, oficialmente, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o certificado de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Este ano, pela primeira vez nas ruas, estará o Carro da Saúde. O novo símbolo foi criado em 2021 para homenagear o padre Santo Antônio Maria Zaccaria, que além de religioso, era também médico e dedicou-se a salvar vidas e, principalmente, um agradecimento aos profissionais de saúde que se dedicaram com tanto empenho no combate à pandemia.
Com a inclusão, a festa passa a ter agora 14 carros. Integram o conjunto de carros do Círio de Nazaré, além da Berlinda: Carro de Plácido, Barca da Guarda Mirim, Barca Nova, Cesto de Promessas, Barca com Velas, Barca Portuguesa, Barca com Remos, Carro Dom Fuas e Carro da Sagrada Família, os quatro Carros dos Anjos, que são conduzidos pela Catequese da Basílica Santuário de Nazaré, e o Carro da Saúde.
O motivo da fé
Atualmente a Imagem Original permanece o ano todo no Glória, na Basílica Santuário, estando próxima dos devotos em maio e outubro, e uma outra Imagem, chamada Peregrina, participa de todas as festividades do Círio. Desde quando a Imagem Original foi entronizada no Glória, outra imagem, pertencente ao Colégio Gentil Bittencourt, passou a substituí-la nas romarias até 1969, quando foi confeccionada a Imagem Peregrina, que até hoje segue nas 13 romarias e visitas oficiais. A imagem possui status de Chefe de Estado, conferido por uma lei estadual paraense.
Fonte: Ascom Basílica Santuário
LEIA MAIS:
Círio 2022: Romarias rodoviária, fluvial e de moto começam no sábado
Círio 2022: Varanda de Nazaré já começou
Círio 2022: Cerca de 7.600 promesseiros devem puxar a Corda em 167 anos de história