O grupo alimentação e bebidas acumulou inflação de 9,54% de janeiro a setembro. É a maior alta para o período em 28 anos, revela reportagem da Folha de São Paulo, segundo o cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Economia e Estatísticas (IBGE).
São vários os motivos que levam a esse quadro trágico. O Brasil sofre os efeitos de extremos climáticos, como as fortes chuvas que prejudicaram plantações em regiões como o Sudeste; pressão de custos de produção gerada por fatores externos, como a Guerra na Ucrânia, e uma agropecuária de larga escala voltada para a exportação de commodities, que vê mais vantagens em exportar que atender ao mercado interno. É importante lembrar que os preços de alimentos, como as carnes, já vinham em alta, devido a descompassos entre oferta e procura antes da pandemia do novo coronavírus.
Apesar de todas as manobras do Ministério da Economia, o “dragão da inflação” – termo ressuscitado nesses anos de Bolsonaro – continua ativo.
“O diagnóstico ainda é de uma inflação alta”, diz na Folha o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos. “É uma inflação que tem impacto importante, que pesa na vida das pessoas. Elas percebem isso.”
Não só percebem como lutam para se adaptar às condições adversas, com prejuízo da própria saúde. Além de comer menos, a maioria dos brasileiros está se alimentando mal, trocando alimentos naturais por ultraprocessados. É o que revela estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP).