Manter a floresta em pé para garantir um Brasil de pé foi um dos destaques do painel Aliança Brasil-RD do Congo-Indonésia (BICS) para uma governança florestal justa e sustentável na manhã desta quinta, 10/11, na COP27, a Conferência do Clima da ONU.
Como publicamos na última terça-feira, negociadores do Brasil, da Indonésia e da República Democrática do Congo estão avançando na formação de uma aliança estratégica para coordenar esforços de conservação de florestas tropicais no âmbito do enfrentamento da crise climática.
“A aliança de florestas tem que permitir não só internacionalmente, mas um pacto nacional em torno da proteção das florestas e em torno de uma perspectiva de que a floresta é parte da solução do desenvolvimento de cada um desses países que foram colocados aqui. E não um lugar que nós sacamos, como no caso do Brasil, nós retiramos a riqueza há 500 anos e o resultado é uma pobreza, uma enorme contribuição pro PIB nacional, uma situação de degradação e um elefante na sala.
O desmatamento é uma ponta do iceberg de um conjunto de situações que devem ser deixadas para trás. Porque elas são injustas, elas são absolutamente baseadas em ações criminosas, portanto não provocam nenhuma riqueza e mais do que isso elas são excludentes de uma aliança de mundo onde os países veem a sociedade não só por interesses nacionais, mas entre interesses comuns, convergentes”, disse Izabella Teixeira, Conselheira da Presidência da COP-27 e Ministra do Meio Ambiente do Brasil durante os governos Lula e Dilma.
Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo (BICs) possuem as três maiores áreas de floresta tropical no mundo, todas sob ameaça de desmatamento e outros crimes ambientais, com graves consequências para as populações e para o clima, assim como uma acelerada perda de biodiversidade. Em seu primeiro discurso após as eleições presidenciais, o presidente eleito do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, destacou a importância da promoção do desenvolvimento sustentável e da cooperação internacional para preservação da Amazônia.
O evento debateu formas de expandir esta aliança Sul-Sul para além dos países BICs, buscando maneiras de estimular a cooperação internacional entre empresas, países e blocos tanto no Norte quanto no Sul Global, de modo a garantir, entre outros objetivos, que as cadeia produtivas e de comércio de produtos florestais sejam livres de desmatamento, de demais crimes ambientais e de violações de Direitos Humanos.
“A Amazônia tem fome e nós precisamos conectar os pontos pra que o povo entenda que eles são parte da solução e não parte do problema. Essa é uma equação política inovadora que junta jovens, que vai pra questão nutricional das crianças, que vai pro desenvolvimento urbano. Não é somente a chamada dissociação do impacto ambiental no crescimento econômico. È a associação de recuperação, com bem estar, com a inclusão e com o desenvolvimento humano.
Sem democracia é que nem sem floresta em pé, sem floresta em pé, não tem Brasil de pé. Sem democracia forte não tem Brasil de pé. Então nós temos que construir as relações das alianças que nos permitam conversar com a diversidade de países”, afirmou Izabella.