A implantação pioneira da plataforma Selo Verde no Estado do Pará no combate ao desmatamento na Amazônia foi destaque na 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27).
O Pará possui o terceiro e quarto maior rebanho do Brasil e foi o primeiro estado do país a adotar o Selo Verde, a plataforma pública de rastreabilidade na cadeia pecuária. A tecnologia permite incorporar informações sobre uso da terra por diversos órgãos estaduais do Pará em um banco de dados integrado com o objetivo de se combater o desmatamento ilegal, promover a regularização fundiária e prover de um modo transparente a rastreabilidade da produção agropecuária.
“O Estado do Pará precisa ir para além da plataforma, precisa de um sistema estadual de integridade da produção que envolva incentivos para requalificação do produtor, facilitação nessa requalificação e que traga uma padronização de rastreabilidade dentro daquele território. A gente precisa ter uma governança pública e privada, participativa, que possa escutar os setores afetados. Nosso desafio agora é entendermos o que deve conter um sistema estadual de integridade da política de reinserção e salvaguarda para que os agricultores familiares não sejam excluídos dessa cadeia produtiva que os sustenta”, afirmou Raul Protázio, secretário adjunto de Recursos Hídricos, Bioeconomia e Serviços Ambientais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
O secretário adjunto ressaltou a importância de garantir salvaguarda para os agricultores familiares.
“Ao conversar com o grande produtor rural, vimos que eles não conheciam a plataforma. Quando a gente explica o funcionamento, a gente melhora esse diálogo. A rastreabilidade do agricultor familiar é a mais frágil da cadeia. Se eu implemento um sistema sem criar progressividade, salvaguarda nessa agenda, estou tirando o sustento, é pecuária de subsistência.”
“Não dá para falar de agropecuária de baixo carbono se a gente não lidar com o desafio do desmatamento que se tem hoje no país, mas ao mesmo tempo essa agenda da agropecuária de baixo carbono pode trazer uma agregação de valor para esses produtores e fazer com que a gente consiga trazer mais ambição e cumprir com esses compromissos climáticos.
Dar escala e velocidade para essas boas práticas são os maiores desafios que a gente tem hoje. E também conseguir mostrar para esse produtor que vale a pena produzir de forma sustentável. Vale a pena recuperar a pastagem, fazer o sistema integrado em algumas situações, plantio direto para quando a gente tá falando de agricultura e vale intensificar o gado”, finalizou Renata Fragoso, especialista em clima e emissões do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora e Origens Brasil).
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