No início do mês, aldeias mundurukus se reuniram para uma oficina agroextrativista do projeto Floresta Ativa, organizando um coletivo para atuar com produtos da sociobiodiversidade amazônica na região do Alto Tapajós. O evento ocorreu na Escola Indígena de Waro Apompu e contou com 66 participantes de 23 aldeias.
A iniciativa busca levantar os potenciais produtivos da região e estruturar alternativas econômicas ao garimpo que gerem renda, valorizem as culturas locais e mantenham a floresta em pé, em meio a toda degradação, conflitos e consequências da mineração ilegal nos territórios indígenas. Conquistar segurança econômica a partir do trabalho com castanhas, copaíba, produção de mudas, manejo de abelhas sem ferrão, criação de galinhas é parte do sonho dos povos tradicionais.
Durante os três dias de atividades, foram discutidas ações de mapeamento, coleta, plantio e capacitações regulares por meio do Programa de Assistência Técnica do Floresta Ativa, do Projeto Saúde e Alegria (PSA).
“É fundamental ter alternativas econômicas ao garimpo, mostrando que não se faz dinheiro só com ouro. O que a gente testemunha lá é que o ouro está beneficiando alguns poucos, e deixando a conta do estrago para todo mundo pagar.
Não se sabe para onde vai esse ouro extraído de lá. Até porque se a gente olhar as sedes municipais, Jacareacanga por exemplo, se fosse um modelo de progresso, deveria estar 100% com saneamento, ruas asfaltadas, hospitais e escolas de primeira. Só que não, o que a gente vê é que o município está no andar de baixo dos indicadores sociais do país”, avalia Caetano Scannavino, coordenador do PSA.
No período de 9 a 12 de dezembro ,haverá uma nova oficina focada na cadeia da castanha, desde a coleta até a comercialização.
“A reunião foi muito boa, produtiva. Nós, Mundurukus, ficamos muito satisfeitos para sustentar nossos filhos e proteger a nossa natureza. Isso que nós estamos precisando no nosso território. A gente fica na expectativa do próximo treinamento”, avaliou João de Deus Munduruku, coordenador eleito do Coletivo.
Fonte: Projeto Saúde e Alegria
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