Em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), citou a bioeconomia como estratégia de negócios ideal para desenvolvimento da Amazônia, Para ele, a bioeconomia é capaz de “conciliar a biodiversidade, a riqueza da floresta, com a relevância de encontrar uma solução social com geração de emprego e de renda com a transição do uso do solo”,
“A ideia é que a partir daí, estudando e potencializando as riquezas da biodiversidade, nós possamos fazer com que a cadeia de negócios seja alavancada, fazendo efetivamente com que a bioeconomia seja a nova vocação dos estados da Amazônia, e em particular, do estado do Pará. A floresta em pé precisa ter valor, precisamos assegurar que haja um mercado de crédito de carbono que possa ser rentável para o produtor rural para que da mesma forma que ele tem renda na agricultura e na pecuária, possa também receber por ser fiscal da floresta”, disse Helder ao Jornal Liberal.
Em novembro de 2022, na Conferência do Clima (COP 27) no Egito, o governador lançou o “Plano Estadual de Bioeconomia” com o objetivo de conciliar as vocações econômica do Pará, como a mineração, agronegócio e pecuária, com as técnicas e práticas sustentáveis de utilização do solo, da terra e de diminuição da emissão de gases. O Pará é o único estado do Brasil a ter um plano nesse sentido.
O que é e como a bioeconomia se aplica na Amazônia?
Aliar biodiversidade com tecnologia e inovação é a base principal da bioeconomia. A enorme biodiversidade amazônica é fonte importante para muitas oportunidades de negócios, com a obtenção de materiais como biomassa, corantes, óleos vegetais, gorduras, fitoterápicos, antioxidantes e óleos essenciais.
Esses itens são matérias-primas para diversos setores industriais como produtos de higiene e limpeza, alimentos, bebidas, fármacos e cosméticos.
Segundo o Panorama Ambiental da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), se não houver novos esforços para frear a perda de biodiversidade, mais de 10% desses recursos serão perdidos em quarenta anos, até 2050.
O Pará Terra Boa separou 5 exemplos de uso da bioeconomia no Pará e região para você ficar por dentro dessas riquezas da nossa terra.
Saiba quem já pratica bioeconomia no Pará:
1- Cacau do Combu
Ver essa foto no Instagram
Na Ilha do Combu, em Belém, Izete Santos Costa, conhecida como dona Nena, desde criança, ajudava os pais que plantavam e produziam cacau para venda na região. Hoje, aos 56 anos, é uma empreendedora referencial pela produção do famoso cacau do Combu por meio do resgate da cultura de produção do produto na comunidade.
O trabalho dela é um exemplo prático do conceito de bioeconomia, em que desenvolvimento econômico e sustentável andam de mãos dadas. Em uma produção familiar, com o compromisso de manter a tradição cultural e ancestral na produção de chocolate, a Filha do Combu vem crescendo cada vez mais.
2- Hambúrguer de fibra de caju
Ver essa foto no Instagram
Ajudar a sanar um problema de desperdício e trazer alimentação saudável por meio de ingredientes únicos da floresta. Esses foram os motivos para a criação da Amazonika Mundi, empresa que produz alimentos, como hambúrguer e almôndega, com carne vegetal a partir da fibra do caju e outros componentes amazônicos.
O nome da marca já deixa claro que os temperos da Amazônia trazem um diferencial e atraem um público pelo Brasil afora apaixonado por ingredientes como tucupi, açaí e óleo de patauá.
3- Biojoias
Ver essa foto no Instagram
Feitas com produtos da floresta, as biojoias são acessórios de moda sustentáveis confeccionados manualmente com materiais como sementes, fibras, capim, frutos secos, conchas e ossos. Peças desse tipo produzidas na região amazônica ajudam a movimentar a economia no Pará e encantam por sua beleza e representatividade.
Segundo o Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), em 2021, esse mercado movimentou R$4,4 milhões no estado. Já em 2022, só no primeiro semestre já foram comercializados 60% desse valor.
4- A versatilidade do açaí
Ver essa foto no Instagram
A versatilidade da palmeira de açaí, em razão de suas diferentes características e usos, é um dos principais motivos do seu sucesso entre as populações tradicionais da Amazônia. As folhas cobrem casas de madeiras em substituição às telhas, dos frutos são produzidos os sucos, ou vinho, consumidos com farinha de mandioca no campo e nas cidades do norte do país, no centro do tronco pode ser encontrado o palmito, apreciado em refeições.
Mas além das utilizações comumente encontradas, a palmeira é útil em diferentes áreas. Você já ouviu falar do “café” de açaí? E você sabia que a fibra de caroços do fruto pode ser usada em próteses para o corpo humano? Os produtos derivados da palmeira estão movimentando o mercado no Brasil e exterior.
5- Cupuaçu traz mais renda para o produtor que a soja e a carne
Ver essa foto no Instagram
Uma pesquisa da Embrapa já mostrou que se produtores de soja ou pecuarista passassem a investir em policultura de frutas, a renda deles poderia duplicar.
O cupuaçu, por exemplo, é uma das joias do Pará. prova disso é a Gaudens Chocolate, empresa 100% paraense que recentemente conquistou medalha de bronze com o chocolate branco com cupuaçu, na Academy of Chocolate de Londres, uma das maiores referências do mundo em chocolates premium.
De acordo com Fábio Sicília, criador da marca premiada, o reconhecimento possibilita a verticalização de diversos produtos amazônicos como o bacuri e o cupuaçu.
LEIA TAMBÉM:
Em Davos, Helder Barbalho defende desenvolvimento econômico em conciliação com meio ambiente
Brasil pode dobrar produção agrícola sem derrubar árvore, diz ministra do Meio Ambiente em Davos