O Brasil – e por que não dizer o mundo – está estarrecido com a tragédia humanitária que se abateu sobre o povo Yanomami, vítima da desnutrição e da malária causadas pela invasão dos garimpeiros na Terra Indígena localizada em Roraima.
Vale lembrar, e o Pará Terra Boa já noticiou, que nossos indígenas no Pará também sofrem por causa do garimpo em seus territórios, principalmente na região do baixo e médio Tapajós. Testes realizado pela Fiocruz, em parceria com a WWF-Brasil, em 200 habitantes de três aldeias impactadas pelo garimpo: Sawré Muybu, Poxo Muybu e Sawré Aboy, da etnia Munduruku, revelam níveis de mercúrio acima de limites seguros. E a contaminação atinge seis de cada dez participantes, ou seja, 60%.
De acordo com os dados, a contaminação é maior em áreas mais impactadas pelo garimpo, nas aldeias que ficam às margens dos rios afetados. Nessas localidades, nove em cada dez participantes apresentaram alto nível de contaminação. As crianças também são atingidas: cerca de 15,8% delas apresentaram problemas em testes de neurodesenvolvimento.
“O nosso maior medo é com as crianças”, afirma Daniel, da Aldeia Sawré Muybu
Ele mostra preocupação os laudos de sua família: a mulher e os quatro filhos pequenos, todos com diferentes graus de contaminação, como noticiado pelo Projeto Colabora..
“Quando recebi o resultado do exame vi que estava muito alterado [o nível de mercúrio]: deu vermelho. Fiquei com medo e cheguei a chorar, porque aqui a gente sabe que não tem cura e não tem tratamento”, disse Aldira Akai Munduruku, da aldeia Sawré Muybu.
Da mesma comunidade, Deivison Saw Munduruku, está com dificuldades para caçar em função das dores, fraqueza muscular e desorientação, segundo reportagem do Universa Uol. O teste de Deivison apresentou cor vermelha, o que indica níveis críticos de mercúrio. Os exames da mulher dele, Gilmara Akay e dos filhos deram nível médio e leve de contaminação, respectivamente) e leve.
“Todo mundo não queria mais comer peixe. Isso deixou a gente mais abalado”, disse Gilmara.
Como ressaltou Danicley de Aguiar, da Campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil, à época, “além de impactar a saúde dos rios e florestas, a atividade garimpeira na Bacia do Tapajós impõe aos mundurukus o abandono do seu modo de vida tradicional, já que altera por completo a relação dessa população com os rios, que de fonte de vida passaram a ser a principal fonte de ameaça à reprodução física e cultural deles”.
Eles arrodeiam essa floresta todinha procurando caça para dar o que comer para os filhos. Deivison fica muito triste porque não consegue caçar como antes”, contou Gilmara.