Este Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas está diferente. Apesar da tragédia humanitária por que passa o povo Yanomami, em função da invasão criminosa do garimpo em sua terras, é preciso olhar para algumas recentes conquistas. A data celebrada nesta terça-feira, 7/2, é marcada pela existência do Ministério dos Povos Originários, em nível nacional, e da Secretaria de Estado dos Povos Originários, aqui no Pará, ambos comandados por mulheres indígenas, Sônia Guajajara e Puyr Tembé, respectivamente. E, pela primeira vez na história, também se tem uma indígena à frente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai): Joenia Wapichana.
Tembé, anunciada pelo governador Helder Barbalho (MDB) como titular de pasta na semana passada, foi entrevistada pelo G1 para falar da data, de importância dupla para ela, já que é também seu aniversário.
“O dia 7 de fevereiro é um marco histórico, que fala sobre os que já passaram por essa vida e já não estão mais conosco nessa luta, que é de todos os dias, e agora temos que assumir pra continuar existindo”.
O protagonismo indígena feminino, para Puyr, foi outra questão de sobrevivência . “A gente viu que, no governo passado, o primeiro passo era atacar o segmento indígena, e o segundo é justamente as mulheres indígenas. A gente teve que se unir pra lutar, primeiro contra uma pandemia, e ainda contra um governo que queria nosso extermínio”.
“Nós, mulheres e lideranças indígenas, tivemos que decidir entre lutar para viver, ou esperar pela morte”.
Puyr atua desde 2021 à frente da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), sendo uma de suas fundadoras em 2016, denunciando violências e crimes ambientais em áreas de proteção indígena, além de oferecer capacitação de agentes ambientais, formação de comunicadores indígenas, entre outras ações de fomento às políticas sociais a indígenas no Pará.
“É importante rever e reconhecer o papel dos povos originários pela sociedade brasileira em uma questão que envolve humanidade e sobrevivência do planeta, pois a causa indígena fala de preservação da vida, ambiental, além da defesa de todo um conhecimento tradicional, que é milenar, que está cada vez mais próximo do conhecimento ocidental em prol de um mundo melhor”.
A aldeia São Pedro, dentro da Terra Indígena Alto Rio Guamá, onde ela foi criada, é uma das áreas indígenas no Pará mais ameaçadas pelo desmatamento na Amazônia, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).