O Instituto Trata Brasil apresentou nesta segunda-feira, 20, em parceria com a consultoria GO Associados, a 15ª edição do Ranking do Saneamento com o foco nos 100 maiores municípios do Brasil. Quatro cidades do Pará estão entre aquelas com os serviços ineficientes na área. São elas: Marabá (que ocupa a 99º), Santarém (a 97º), Belém (a 95º) e Ananindeua (a 91º).
A pesquisa traz um panorama do saneamento básico no Brasil, que engloba serviços como abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, dentre outros. O documento analisa os indicadores das 100 maiores cidades do país, que juntas concentram aproximadamente 40% da população, e faz um ranking com base nos serviços oferecidos e em indicadores de eficiência.
A comparação deixa clara a desigualdade social brasileira. Enquanto 99,7% da população das 20 melhores cidades têm acesso às redes de água potável, nos 20 piores municípios o número é de 79,6%. Em relação ao acesso à coleta de esgoto, 97,7% têm acesso aos serviços nos 20 primeiros, contra somente 29,2% nos últimos 20 do ranking. Quando o assunto é tratamento de esgoto, o primeiro grupo tem 80,1% de cobertura, enquanto os da parte de baixo da tabela tratam apenas 18,2%.
Desigualdade regional
Dos 20 melhores municípios, oito são do estado de São Paulo e seis do Paraná. Já entre as 20 piores posições, quatro são do Pará, quatro estão no Rio de Janeiro e duas são do Rio Grande do Sul. Do restante, a maioria está no Norte e no Nordeste do país.
Ao g1, Luana Pretto, presidente executiva do Trata Brasil, ressaltou que estas diferenças regionais são históricas e são alimentadas por uma espécie de ciclo vicioso, já que as melhores cidades continuam investindo mais mesmo já tendo bons indicadores, enquanto que as piores seguem investindo menos mesmo com baixa cobertura de saneamento.
“Limeira, a quinta colocada no ranking, investiu nos últimos cinco anos uma média de R$ 218 reais por ano por habitante em saneamento. Já Belém [a 6ª pior] é um caso clássico de falta de investimento. Foram R$ 5 por habitante por ano. Belém tem apenas 33% da população com acesso a coleta de esgoto. Como investir R$ 5 vai mudar a realidade? Não tem como”, analisou.
Nos últimos dez anos do Ranking, observou-se que 12 municípios se mantiveram desde 2014 dentre os últimos colocados, sendo três localizados no Pará e três no estado do Rio de Janeiro. Além disso, Porto Velho, Ananindeua, Santarém e Macapá estiveram sempre nas dez últimas colocações dentre as 100 maiores cidades do país em toda a década.