A Terra do Meio abrange cerca de 3,37 milhões de hectares no sul do Pará e está situada em um dos corredores ecológicos mais importantes da Amazônia, composto por 28 Unidades de Conservação e 18 Terras Indígenas e habitat de centenas de espécies animais, incluindo muitas ameaçadas de extinção.. Esse tesouro, porém, está ameaçado. Segundo a Mongabay, nos últimos anos essa reserva sofreu uma onda de invasões que pode abrir um novo corredor de desmatamento, ameaçando destruir outras áreas de conservação que ficam além dela.
Em 2022, os satélites detectaram 248.374 alertas de desmatamento de máxima confiança na Terra do Meio, segundo a Universidade de Maryland, visualizados no Global Forest Watch. Cerca de 4.300 hectares foram desmatados entre janeiro e novembro de 2022, mais que o dobro de 2021, diz o Imazon.
De acordo com ambientalistas, a destruição está sendo realizada por madeireiros ilegais, garimpeiros e especuladores de terras.
Uma das áreas de conservação ameaçadas pela onda de invasões por parte de madeireiros ilegais, garimpeiros e grileiros é a Floresta Estadual do Iriri. As atuais incursões também representam uma ameaça aos povos das Terras Indígenas vizinhas de Xipaya, Kukuaya e Cachoeira Seca, que dependem da floresta para sobreviver.
A Terra do Meio fica no coração da pecuária brasileira, abrangendo os municípios de Altamira e São Félix do Xingu. Este último possui o maior rebanho de bovinos do país, com 2,4 milhões de cabeças. Desde o final da década de 90, a floresta da região deu lugar rapidamente a pastagens – inicialmente, com a chegada de pecuaristas de outros estados em busca de terras e, depois, com a luta para expandir suas propriedades.
Ambientalistas dizem que reverter anos de negligência ambiental exigirá que o Governo Federal una forças com as autoridades estaduais e invista pesadamente no combate às atividades ilícitas na Amazônia, bem como na punição dos responsáveis.
“Impedir a destruição futura exigirá a criação de novos modelos econômicos que convençam as comunidades da região, onde a carne bovina e o ouro costumam ser os motores do crescimento, a manter a floresta em pé”, disse Nilo D’Ávila, diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, à Mongabay.
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