Um fundo de financiamento à recuperação de pastagens degradadas e estímulo a modelos de produção agrícola sustentável na Amazônia e no Cerrado está sendo desenvolvido pela Vox Capital e a securitizadora Vert, segundo informações do Reset. Para estar apto a receber o financiamento, o produtor terá de atender a critérios como desmatamento zero desde 2020 e práticas de proteção à floresta de acordo com o Código Florestal.
O projeto foi selecionado para participar do programa de aceleração do Global Innovation Lab for Climate Finance, financiado pelo Governo Britânico. Pequenos e médios agricultores vão receber assistência técnica para fazer a transição para um modelo mais verde e um seguro de renda, que terá por base o volume de produção obtido nos últimos anos via o modelo tradicional de manejo.
Essa “renda mínima” é uma segurança para aqueles que querem fazer a transição, mas têm medo de ter queda na sua receita.
“O fundo deve ser um facilitador de crédito para o produtor rural, com transferência do uso do solo”, conta o sócio e CIO da Vox, Gilberto Ribeiro.
Para reduzir as emissões de gases de efeito estufa é essencial que se invista na produção agrícola sustentável. Como já publicamos aqui no Pará Terra Boa, as áreas de pasto ocupam 75% do que foi desmatado nas terras públicas não destinadas da Amazônia. O número é conclusão do estudo publicado por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), que mostra o avanço do desmatamento nessas áreas na última década e seu peso para o agravamento das mudanças climáticas.
Fundo paralelo
Um fundo garantidor, que correrá em paralelo ao de transição, para financiar garantia de renda ao produtor, também está sendo estudado. O plano é captar ao menos US$ 100 milhões, com um primeiro fechamento de US$ 50 milhões até meados do próximo ano. A expectativa é que ao menos 100 mil hectares sejam impactados na Amazônia e no Cerrado e o tamanho das produções deve variar de 500 a 5 mil hectares.
Ações como recuperação de áreas degradadas com produção de grãos, manejo sustentável do gado associado a aumento de produtividade, implementação de sistemas integrados com diferentes espécies agrícolas, agrofloresta e financiamento da bioeconomia poderão receber o crédito.
Vale lembrar que a restauração florestal melhora a qualidade do solo e da água, já que por meio dela as florestas reduzem a erosão e aumentam a fertilidade do solo. Ao controlar a erosão, elas diminuem a quantidade de sedimentos – terra e solo – que entram nos rios, melhorando a qualidade da água como um todo.
A recuperação também tem papel crucial no combate e adaptação às mudanças climáticas e na proteção da biodiversidade. Estudos do IIS na Amazônia e Mata Atlântica mostram que ela pode retirar da atmosfera mais de 18 milhões de toneladas de carbono e reduzir o risco de extinção para 369 espécies na Amazônia e 647 espécies na Mata Atlântica.