A Associação de Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas (AMPPF), de São Félix do Xingu, acaba de assinar um novo contrato com a Secretaria Municipal de Educação como parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), segundo informações do g1. A Associação fornecerá, ao longo do ano, 19.475 kg de polpas de frutas para as escolas da cidade e receberá cerca de R$ 350 mil.
De acordo com o PNAE, São Félix do Xingu conta com 107 escolas, das quais 42 recebem produtos da agricultura familiar através do programa, fazendo com que 18 mil alunos tenham acesso a produtos da biodiversidade. O foco da associação são as polpas, mas o grupo tem planos de fornecer geleias, frutas, legumes e bolos.
Ao g1, Celma de Oliveira, Coordenadora de Projetos do Imaflora, que atua no programa Florestas de Valor em São Félix do Xingu. explicou que uma das exigências da associação é que cada produtora tenha conta no seu próprio nome, fortalecendo a autonomia econômica delas.
“Tem outras cadeias produtivas no município, mas o trabalho das mulheres muitas vezes é invisibilizado porque elas não fazem a gestão do recurso. Elas trabalham no cacau, na pecuária, mas o dinheiro vai para onde? Para a conta dos maridos. Eles fazem a gestão. Então as mulheres tem que ficar pedindo as coisas. Na polpa de fruta, elas fazem a gestão da produção e do recurso”, ressaltou Celma.
Como já publicamos aqui no Pará Terra Boa, as mulheres da floresta têm cada vez mais discutido o protagonismo feminino nas tomadas de decisões sobre seus territórios. Pensando nisso, recentemente foi elaborada uma carta assinada por cerca de 100 lideranças femininas da Amazônia para ser entregue para os governos estaduais da Amazônia Legal e governo federal.
Nela, estão reivindicações nas áreas de educação, saúde, empoderamento, segurança, desenvolvimento econômico, infraestrutura, regularização fundiária, segurança alimentar e mudanças climáticas. O documento é resultado do encontro dessas mulheres, a maioria vinda de unidades de conservação de uso sustentável, Terras Indígenas e Quilombolas, durante o “Seminário Mulheres da Floresta”.
“Não podemos ser apenas secretárias, queremos também ser presidentes, assumindo inclusive a comercialização dos produtos e não somente a produção”, diz um trecho do manifesto.