A liderança indígena Alessandra Korap Munduruku, recebe nesta segunda-feira, 24, o prêmio Goldman de Meio Ambiente, em cerimônia na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos. A ativista ganhou o prêmio por ter organizado, no início de 2021, uma campanha de mobilização em sua aldeia para evitar que a empresa britânica de mineração Anglo American extraísse cobre em terras indígenas no Pará e no Mato Grosso.
De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas (Apib), após sete meses de campanha do povo munduruku, com protestos, petições e reuniões com a mineradora, em maio de 2021 a multinacional desistiu dos 27 requerimentos, 13 deles tinham como alvo o território onde vive Alessandra: a TI Sawré Muybu, no sudoeste do Pará.
“Só basta estarmos vivos para lutar. Não é fácil largar o seu território para gritar na mesa de um deputado, presidente ou de qualquer empresa que queira violar nossos direitos”, disse a indígena ao Globo.
Nos últimos anos, o dano causado pelo garimpo tem sido o centro das lutas do povo Munduruku. Por isso, em 2016, Alessandra e outras mulheres Munduruku exigiram através de carta que pesquisadores investigassem a contaminação por mercúrio no Tapajós.
Como já publicamos aqui no Pará Terra Boa, uma série de estudos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que todos os Munduruku que vivem nas aldeias de Sawré Muybu, Poxo Muybu e Sawré Aboy sofrem de contaminação por mercúrio e que mulheres e crianças são as mais vulneráveis.
Aos 39 anos, Alessandra Munduruku é a quarta brasileira a ser homenageada com o prêmio na categoria América do Sul e Central. Em 2006, o ambientalista Tarcísio Feitosa recebeu o prêmio por sua trajetória em defesa da região do Xingu e da Terra do Meio, no Pará. Marina Silva também foi reconhecida por sua atuação na criação das Reservas Extrativistas no Acre, em 1996. E o primeiro brasileiro a ser premiado com o Goldman Prize foi um dos fundadores do Instituto Socioambiental (ISA), Carlos Alberto Ricardo, em 1992.
Além de Alessandra, o prêmio será recebido também por outros cinco ativistas, de Zâmbia, Indonésia, Turquia, Finlândia e Estados Unidos. Criado em 1989 pelos filantropos Rhoda e Richard Goldman, o prêmio ajuda a dar notoriedade global a líderes de movimentos locais e populares.