Na zona rural de Brasil Novo, a união de mulheres fez nascer uma empresa que está ganhando destaque dentro e fora do país pelo chocolate saudável e saboroso que produz. Criada por Veronica Preuss, a Kakao Blumenn valoriza o protagonismo feminino em todas as etapas da cadeia produtiva. Prova disso é que a empreendedora foi vencedora do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2022, na categoria Produtora Rural, em segundo lugar no ranking nacional.
Em 2002, a família de Verônica se mudou de Santa Catarina para o Pará e enfrentou um dos maiores problemas vividos pela população da região: a falta de acesso à energia elétrica. Segundo um estudo recentemente lançado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), a Amazônia tem 990 mil pessoas sem eletricidade, as áreas mais carentes do serviço público são terras indígenas, territórios quilombolas, assentamentos rurais e ribeirinhos.
A empreendedora correu atrás e conseguiu a energia nos primeiros oito quilômetros do travessão onde vive. A partir daí, um grupo de mulheres da região foi criado.
“A gente criou um grupo de mulheres na época com a intenção de gerar empoderamento. Quando a gente chegou aqui na região, as mulheres normalmente não tinham nomes, elas eram conhecidas como esposas de fulano. E nesse grupo a gente inclusive começou a trabalhar o chocolate de uma forma bem artesanal. E aí que foi surgindo a vontade de ter a minha fábrica de chocolate. Em 2019, eu comprei minha primeira melanger, que é o moinho que a gente faz o chocolate e em 2020 eu abri a Kakao Blumenn”, explicou a cacauicultura.
De origem alemã, os sulistas batizaram a marca com um nome que remetesse aos seus ancestrais, significando flores de cacau. E desde que conheceram o nosso cacau, a família se encantou.
‘’As mulheres do grupo nos ajudaram no início de tudo porque eu não conhecia a cacauicultura, mas desde o primeiro momento que eu vi o cacau me encantei. Fazíamos receitas, artesanatos e até lançamos livros, Aí fiz cursos na área de chocomaker e de empreendedorismo. E em 2021 a gente ganhou como uma das três melhores amêndoas do Brasil.‘’
Com um cacau plantado em sua maior parte em sistema agroflorestal (SAF), a produção de chocolates tem a procedência de todos os insumos verificada. O projeto com mulheres incentivou Verônica a vontade de trabalhar com um chocolate de qualidade indiscutível, eles são processados e usados de maneira a conservar todas as propriedades naturais.
Para ela, empreender e ser mulher tem seus obstáculos, mas ela observa que mulheres têm potencial de protagonizar grandes projetos no meio rural.
‘’Normalmente o pessoal sempre trabalha muito com os homens na área da cacauicultura e as mulheres ficam em segundo plano. A mulher aqui da região não está sendo protagonista de muita coisa, mas ela tem esse potencial. Não necessariamente ela precisa trabalhar com chocolate porque na verdade a gente tem uma infinidade de coisas que você pode fazer com o cacau. Até artesanatos podem ser feitos com as folhas dele, as possibilidades são muitas. Então por que não ser uma protagonista com alguma coisa relacionada ao cacau? Nós podemos’’, refletiu