Localizada no coração da Amazônia, Belém será o palco da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, como já publicamos aqui no Pará Terra Boa. Enquanto o mundo volta seus olhos para essa metrópole amazônica, é fundamental reconhecer a realidade enfrentada pela população em relação à falta de acesso a serviços de saneamento adequados.
De acordo com dados do Painel Saneamento Brasil, em Belém, cerca de 76,8% dos habitantes têm água potável disponível, mas apenas 22,5% das pessoas têm acesso à coleta de esgoto. Além disso, apenas 3,6% do esgoto produzido na cidade é tratado.
Para além da capital do Pará, a região Norte apresenta a maior precariedade nos serviços básicos do País e têm grandes desafios a serem superados. Dados disponíveis no Painel Saneamento Brasil mostram que, cerca de 60% da população que vive na região é abastecida com água potável e somente 14,0% dos habitantes são atendidos com coleta de esgoto, enquanto apenas 20,6% do esgoto produzido é tratado.
A falta de saneamento básico traz consequências diretas para a saúde pública, influenciando a sustentabilidade da cidade. Doenças relacionadas à falta de acesso a este serviço são comuns em áreas periféricas. Além disso, a contaminação de rios e igarapés devido ao descarte inadequado de resíduos agrava os impactos ambientais.
Um Estudo do Pólis, que publicamos aqui no Pará Terra Boa no ano passado, mostra que em Belém os efeitos da crise ambiental, como inundações, enchentes e deslizamentos, se manifestam de forma territorialmente desigual, impactando desproporcionalmente pessoas negras, famílias de menor poder aquisitivo e domicílios chefiados por mulheres com renda de até um salário mínimo.
A pesquisa mostra, ainda, que nas áreas de risco, a população negra corresponde a 75%, enquanto a média geral da cidade é de 64%. Por outro lado, bairros com maior poder aquisitivo, como Nazaré e Batista Campos, estão longe desses perigos.
A COP-30 representa uma oportunidade única para reunir líderes globais, especialistas e organizações para debater e encontrar soluções inovadoras que possam ir de encontro aos desafios mundiais, mas também para jogar luz e dar vazão às demandas internas do Brasil.
É essencial, inclusive, que as discussões sobre mudanças climáticas e sustentabilidade também abordem a importância do saneamento básico como parte integrante da agenda global. Somente com investimentos, políticas públicas e compromissos concretos será possível superar os desafios e garantir um futuro mais justo e saudável para todos.