Em maio deste ano foram registrados 1.692 focos de queimadas na região amazônica, o que representa o segundo maior valor para o período desde 2005, ficando atrás apenas do ano passado, quando foram contabilizados 2.287 pontos no mesmo mês, de acordo com informações da ((o))eco. Os dados são do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram atualizados na quinta-feira, 1, mostrando que os estados que mais tiveram focos foram Mato Grosso, Pará e Roraima.
Esses números representam um aumento de 58% em relação à média histórica para o mês de maio, que é de 1.067 pontos. Até 2 de junho deste ano, já foram contabilizados 5.287 eixos de queimadas em toda a região amazônica.
Embora maio seja considerado o primeiro mês da estação seca na Amazônia, historicamente os números de queimadas costumam ser relativamente baixos. Em apenas nove dos 25 anos de medições, a quantidade de focos ultrapassou 1.000, sendo que a média para o mês é alta devido ao recorde registrado em 2004, quando houve uma grande estiagem e foram registrados 3.131 pontos.
Em entrevista a ((o))eco, o pesquisador do Inpe, Luiz Aragão, chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto, explicou que os números mais elevados de queimadas nos primeiros meses do ano estão relacionados a períodos de seca mais intensa no hemisfério norte, onde os efeitos do El Niño já começam a ser sentidos. Essa seca também é sentida ao norte da Amazônia, o que contribui para o aumento das queimadas nessa região.
“Os valores de ocorrência de queimadas são maiores no início do ano como resultado das queimas mais ao norte da Amazônia, especialmente Roraima”, analisou.
Para o Pará Terra Boa, Luciana Gatti, pesquisadora do Inpe, disse que devido a degradação ambiental na região amazônica a estação seca está cada vez mais severa.
“Na estação seca cada vez mais chove menos, está mais quente e a estação está mais longa”, afirmou.
Segundo Aragão, quando os anos não têm mudanças climáticas drásticas como as que estamos vivenciando agora, passando do La Niña para o El Niño, é mais provável que haja menos incêndios no início do ano e que eles aumentem gradualmente, atingindo o ponto mais alto em setembro.