A perda das florestas tropicais primárias no Brasil e no mundo demonstra claramente que acordos globais de proteção ao meio ambiente não têm sido eficientes para conter a devastação que ocorre em ritmo acelerado e em proporções gigantescas. Foram 4,1 milhões de hectares perdidos, o equivalente a 11 campos de futebol por minuto, no ano de 2022. Os dados são do Global Forest Watch (GFW), do WRI.
No Brasil, o crescimento foi de 15% em 2022, sendo a maior taxa de perda não relacionada a incêndios desde 2005. Na região dos trópicos, onde ficam as grandes florestas úmidas como a Amazônia, a área atingida foi 10% maior em relação ao ano de 2021.
O Pará perdeu 585.206 hectares de floresta primária em 2022, um aumento de 17% em comparação com 2021 (497.422 ha)
Detentor de 30% das florestas no mundo, o Brasil respondeu por 43% do desmatamento global, permanecendo na liderança do ranking das nações que mais perdem florestas no mundo.
“Os dados mostram que a participação do Brasil na perda de florestas tropicais vem aumentando nos últimos anos. Antes de 2015, cerca de 25% a 30% da perda ocorria no Brasil. Já em 2022, passou de 40%”, afirma , diz Jefferson Ferreira-Ferreira, coordenador de Ciência de Dados de Florestas do WRI Brasil. .
O 1,8 milhão de hectares dessa perda em 2022 resultou em 1,2 Gt de emissões de dióxido de carbono, ou 2,5 vezes as emissões anuais de combustíveis fósseis do Brasil.
Essa triste estatística demonstra que a Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso do Solo, assinada por mais de 140 países, incluindo o Brasil, na COP26, em 2021, está longe de conter a destruição desses biomas.
Impactos
As emissões de dióxido de carbono não são as únicas consequências da perda de florestas na Amazônia. A destruição pode afetar as chuvas na região e, em última instância, pode levar a um “ponto de não retorno” em que a maior parte do ecossistema se tornará uma savana. De acordo com o estudo, a perda de floresta primária acelerou na Amazônia Ocidental.
No Amazonas, onde está mais da metade das florestas intactas do Brasil, a taxa quase dobrou em apenas três anos. O Acre também apresentou alguns dos níveis mais altos dessa perda já registrados. As perdas de florestas primárias nessa parte da Amazônia brasileira são principalmente causadas por desmatamentos em grande escala (provavelmente para pastagens de gado).
Territórios indígenas
A perda de florestas primárias atingiu em maior grau os territórios Apyterewa (PA), Karipuna (RO) e Sepoti (AM), além do Yanomami (RR), alvo de uma operação governamental para expulsar garimpeiros ilegais no início de 2023.
Apesar dessas perdas, os territórios indígenas no Brasil têm uma taxa de desmatamento muito menor do que terras semelhantes gerenciadas por outros agentes e representam os últimos sumidouros de carbono da Amazônia.