A Floresta Amazônica é, na verdade, composta por uma série de florestas diferentes entre si. Essa diversidade do bioma exige, portanto, ações de preservação e recuperação de acordo com o que se sabe sobre cada região. Esta é uma das principais conclusões de um extenso estudo publicado pela revista “Nature”. que buscou entender como as várias regiões da floresta respondem à seca.
Liderado pela brasileira Julia Tavares, doutora em Ecologia e Mudanças Climáticas pela Universidade de Leeds, o estudo, segundo reportagem do Infoamazônia, contou com o trabalho de mais de 80 pesquisadores do mundo todo no mapeamento de 540 árvores de 129 espécies diferentes, em 11 locais da Amazônia, no Brasil, Peru e Bolívia.
“Uma das medições que a gente fazia era para ver a pressão da água no interior das árvores e entender o quanto elas estão estressadas pela seca. Do mesmo jeito que a gente usa a pressão sanguínea para medir o estresse do ser humano. Na árvore, a gente usa a pressão da água”, explica a autora.
Descobriu-se, por exemplo, que as regiões oeste e sul da Amazônia têm menos chances de resistir a períodos de pouca chuva do que em regiões do centro e leste do bioma, que são tradicionalmente mais resistentes a secas.
“Algumas áreas do Pará onde são feitas muitas das pesquisas hoje são florestas sazonais mais resistentes à seca. Então, se você pegar o valor extraído desses estudos e aplicar para a Amazônia inteira você está superestimando a capacidade da floresta de aguentar períodos de seca”, explica Tavares.
Na parte sul da Amazônia, em regiões como o norte do Mato Grosso, de acordo com o estudo, as árvores apresentaram maior grau de adaptação para lidar com a seca. Em compensação, as espécies dessa região correm o maior risco de morrer em períodos sem chuvas dentre todas as áreas analisadas.
Segundo os pesquisadores, isto ocorre porque a região já passou por uma redução nos padrões de chuva causada pelo desmatamento, o que levou as árvores ao limite de sua capacidade.