É de um sítio na rodovia Transamazônica, no município de Brasil Novo, na região de integração do Xingu, no sudoeste paraense, que sai uma das melhores amêndoas de cacau do Brasil. A produção é da agricultora e chocolatier Verônica Preuss, catarinense que chegou ao Pará em 2009 com a família. Nos últimos 14 anos, a plantação saiu de três para dez mil pés do fruto.
“Nossa produção foi desde o início com a preocupação com a conservação do solo e das matas. Pois recuperamos uma área de pastagem já degradada plantando o cacau. Em seguida não usamos a queimada para outra área. Inclusive, mantivemos muitas árvores nativas tendo essa área como SAFs”, explica Verônica.
SAFs é a sigla para sistemas agroflorestais. Os SAFs otimizam o uso da terra, conciliando a preservação ambiental com a produção de alimentos, conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola. Os sistemas têm vantagens ecológicas e econômicas e podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas.
A expansão sustentável da propriedade da Verônica é um exemplo de como o cultivo da principal matéria-prima do chocolate tem integrado geração de emprego e renda à preservação da floresta. A cultura feita em plantação de áreas degradadas, por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais, tem como resultado a recuperação dessas áreas, com a redução do fogo e do desmatamento na região.
Incentivo e proteção da floresta
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap) desenvolve um projeto de internacionalização de amêndoas que incentiva o beneficiamento primário de cacau, com o objetivo de melhorar a qualidade das amêndoas e assim conseguir melhores preços nos mercados nacional e internacional.
“Este incentivo é concedido às instituições públicas e privadas através de recursos financeiros do Funcacau – Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura Paraense, proporcionando que produtores conquistem prêmios de melhor amêndoa tanto a nível nacional quanto internacional”, explica o engenheiro agrônomo e coordenador do projeto Procacau, Ivaldo Santana.
Outra etapa do projeto é a promoção, divulgação, identificação de mercados através de missões nacionais e internacionais, comercialização de amêndoas em feiras e rodadas de negócios, com a execução de dois festivais internacionais de cacau no Estado. Há ainda um projeto de Indicação Geográfica que está em execução nas regiões da Transamazônica e Baixo Tocantins.
Ainda segundo o engenheiro agrônomo, o Estado atua como promotor da expansão sustentável do cacau em diferentes eixos, como a produção de sementes híbridas, que são distribuídas gratuitamente aos produtores, na recuperação de áreas degradadas com o plantio de cacau em SAF’s, tendo a cultura do cacau como o componente principal, e outros serviços.
“Hoje o cacau é utilizado para recomposição de áreas de reserva legal (Instrução Normativa Semas/Ideflor-Bio) mediante plantio de cacau (Theobrama cacao L.) em Sistemas Agroflorestais, e também as ações voltadas para a captura/sequestro de carbono, objetivando incrementar a renda da propriedade com a comercialização de CO2”, complementa Ivaldo Santana.
Fonte: Agência Pará