Com o objetivo subsidiar políticas públicas e orientar investimentos nesses setores da agricultura, foi criada uma plataforma que reúne e organiza dados sobre as cadeias produtivas de açaí, cacau e babaçu na Amazônia. Importante passo para integrar e ordenar informações dispersas e desconexas, o Painel da Floresta foi desenvolvido pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e pela iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, com o apoio do Fundo JBS pela Amazônia, segundo reportagem do Um Só Planeta.
As três cadeias produtivas selecionadas – açaí, cacau e babaçu – representam diferentes formas de aproveitamento dos recursos florestais, desde o extrativismo puro até o cultivo integrado. Os dados utilizados, de acordo com a reportagem, foram retirados das estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a um período de 35 anos, entre 1986 e 2021.
O Painel da Floresta disponibiliza informações como a região de produção, valor da produção, quantidade em toneladas, área colhida e produtividade desses frutos, além de mostrar a evolução desses dados ao longo do tempo.
Apesar de ainda estar em fase piloto, o painel já revelou algumas descobertas importantes. Um exemplo é a queda na produção de amêndoas de babaçu ao longo das décadas. Em 1942, eram produzidas 57 milhões de toneladas, atingindo o pico de 251 milhões de toneladas em 1979. Em 2017, foram apenas 54 milhões de toneladas.
Eduardo Roxo, cofundador da empresa Atina e líder do Subgrupo Banco de Dados da Coalizão, afirma que, na década de 1980, havia mais de 50 fábricas produtoras de óleo de amêndoas de babaçu no Brasil, a grande maioria na Amazônia.
“Depois veio o primeiro tombo, com a concorrência do produto feito de soja”, conta. “Mais tarde, o tombo foi ainda maior com a entrada no mercado do óleo de palma. Hoje, são extraídas 48 mil toneladas de amêndoas por ano, a mesma ordem de grandeza da produção da década de 1940”, disse ele.
Essa redução na produção tem impactos socioeconômicos significativos para os produtores e extratores de babaçu, levando a perda de renda e até mesmo ao êxodo rural.
O declínio na produção do fruto babaçu e o impacto socioeconômico associado destacam a importância de valorizar e incentivar a bioeconomia da Amazônia. A diversificação de produtos derivados do babaçu, além do óleo, pode trazer ganhos econômicos significativos e contribuir para a conservação das florestas e a geração de renda para as comunidades locais.
O Painel da Floresta é uma ferramenta que, com informações claras e comparativas sobre essas cadeias produtivas, quer promover uma economia sustentável baseada na preservação das florestas amazônicas.