Por Fabrício Queiroz
Belém se prepara para sediar nesta semana os Diálogos Amazônicos. O evento antecede a Cúpula da Amazônia, que ocorre entre 8 e 9 de agosto, e tem o objetivo de reunir as reivindicações das organizações da sociedade civil atuantes para região para serem apresentadas aos chefes de Estado dos países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). A poucos dias da abertura do encontro, a mobilização já é intensa entre as diversas entidades.
A programação oficial do evento contará com cinco plenárias que serão realizadas de sexta-feira (4/8) a domingo (6/8) e serão abertas ao público. Mas além dessas discussões, os movimentos sociais foram convidados a proporem atividades autogestionadas, que ajudarão a enriquecer o debate. De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência da República, foram recebidas 405 propostas.
Entre os proponentes está a Central de Movimentos Populares (CMP), que se reuniu com outros coletivos nesta segunda-feira (31/7) para alinhar alguns detalhes da participação. Os integrantes marcarão presença na programação oficial e também realizarão um congresso com o tema “Construção de políticas para a defesa e desenvolvimento da Amazônia”. Além disso, será promovida uma barqueata, isto é, uma espécie de passeata a barco, pela baia do Guajará e do Guamá.
“Queremos promover um debate que inclua as vivências dos quilombolas, indígenas, ribeirinhos, os povos periféricos e outros excluídos da nossa sociedade. Na Amazônia, temos alguns dos piores índices em relação ao acesso à moradia, a saneamento, IDH e meio ambiente, por isso queremos uma política que escute a sociedade e que traga melhorias para todos”, afirmou Paulo Cohen, membro da executiva nacional do CMP, que atua em 21 estados brasileiros e 30 municípios paraenses.
Os Diálogos Amazônicos devem receber também muitas pessoas de fora da capital, que vêm defender seus modos de vida, suas culturas e suas formas de articulação. Ivanildo Brilhante enfrentou cerca de 24 horas de viagem de Gurupá, na ilha do Marajó, até Belém para preparar a participação do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) no evento.
“A nossa expectativa é que esse seja um espaço de construção política, de construção de políticas públicas, de diálogo e de escuta das comunidades”, pontuou Brilhante, que ressalta que uma das ideias é de evidenciar os saberes e fazeres climáticos dos povos e comunidades das florestas.
“Vamos defender o nossos extrativistas, que são aqueles que usam o recurso renovável da natureza, seja ele oriundo das florestas ou das águas, e a nossa experiência de luta pelas terras coletivas”, destaca o dirigente do CNS.