Por Fabrício Queiroz
O potencial e o impacto da agroecologia para as estratégias de conservação da Floresta Amazônica estiveram em pauta nos Diálogos Amazônicos. A programação realizada nesta sexta-feira, 4 contou com a participação de representantes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), da Embrapa Amazônia Oriental, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) e de grupos agroextrativistas do Pará.
Um dos focos do encontro foi mostrar como ações de transferência de tecnologia e extensão rural desenvolvidos na região têm contribuído para a inclusão socioprodutiva de agricultores familiares e de povos e comunidades tradicionais. Nesse sentido, uma das experiências apresentadas foi o projeto Bem Diverso, que atualmente está em nova fase sob a denominação Sustenta e Inova.
A iniciativa é promovida pela Embrapa com as populações originárias do arquipélago do Marajó. O balanço mostra que o projeto já abrange seis comunidades quilombolas e 23 assentamentos e áreas de assentamento, alcançando cerca de 5 mil agroextrativistas que receberam capacitação em boas práticas de manejo de açaí com mínimo impacto.
“O papel da ciência é ofertar soluções produtivas, sustentáveis e replicáveis com o objetivo de contribuir para a inclusão tecnológica, social e produtiva dessas populações”, destacou Walkymário Lemos, chefe geral da Embrapa Amazônia Oriental.
Para Odivan Ferreira Corrêa, presidente da Associação dos Moradores Agroextrativistas do Assentamento Acutipereira, do município de Portel, a experiência tem mostrado o quanto é importante apostar na potencialidade do diálogo entre os conhecimentos técnicos e científicos com os saberes tradicionais.
“O manejo já existia só foi aprimorado. Os comunitários são os principais manejadores da Amazônia porque já fazem isso há várias gerações e a floresta continua em pé. As tecnologias novas só ajudam a desenvolver o que já existia e a agregar valor em cima desses produtos”, avalia.
Durante o evento, a Emater Pará também apresentou os resultados do trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) desenvolvidos pela regional do Marajó. No arquipélago, são cerca de 6 mil famílias atendidas pelos projetos que incentivam o uso múltiplo da floresta, a redução do impacto sobre as áreas nativas, a diversificação produtiva e a agregação de valor aos recursos extraídos.
A secretaria nacional de povos e comunidades tradicionais e desenvolvimento rural sustentável, Edel Moraes, acompanhou a discussão e frisou que estratégias como essas evidenciam a relevância dos investimentos em políticas de conservação.
“Temos que trabalhar cada vez mais nessa perspectiva de que outra economia existe”, pontuou.