O garimpo ilegal deverá estar na mira dos líderes dos países amazônicos na Cúpula Amazônica, que acontece nesta terça e quarta-feira, 8 e 9, em Belém. É esperado que a declaração conjunta que está sendo negociada pelos países da região aborde o impacto da mineração irregular no bioma.
De acordo com a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), existem 4.114 pontos de garimpo em todo o bioma; no total, eles despejam mais de 150 toneladas de mercúrio por ano no solo e nos rios amazônicos.
A GloboNews antecipou os dados, que foram detalhados pelo Jornal Hoje. De acordo com o documento, a contaminação por mercúrio é um problema crônico que afeta principalmente as comunidades ribeirinhas e indígenas da Amazônia. Tanto que a concentração média de mercúrio no organismo de populações ribeirinhas é de 15,44 partes por milhão (ppm), bem superior a 10 ppm, a quantidade máxima indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como segura para a saúde humana.
A contaminação por mercúrio é disseminada nas comunidades indígenas amazônicas. Em algumas aldeias no Peru, por exemplo, a concentração média de mercúrio nos organismos da população chegou a 27,5 ppm. Isso mostra que o problema do garimpo é mais amplo e exige uma ação concertada dos países da região.
Ainda sobre os efeitos do garimpo ilegal, a Reuters destacou pesquisas recentes que mostram como a contaminação por mercúrio está ficando mais ampla e disseminada entre os animais amazônicos, especialmente os mamíferos.
O panorama é parecido com o que se observa nas comunidades humanas: análises indicam uma concentração do metal pesado muito maior do que o normal nessas espécies. Mas, diferentemente dos seres humanos, ainda não há clareza sobre os efeitos desse mercúrio excessivo no organismo desses animais.