O Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (OCBIO-FGV) vai apresentar ao governo federal, nesta quinta-feira, 10, um estudo em que propõe a inclusão do “PIB da bioeconomia” no cálculo das contas nacionais. Isso permitiria ao País ser um dos primeiros a avaliar adequadamente o impacto econômico das atividades relacionadas aos produtos que vêm da natureza e ao desenvolvimento sustentável, de acordo com o Globo Rural.
Atualmente, o cálculo do PIB não captura efetivamente fatores como a dimensão econômica dos ativos ambientais brasileiros e a renda que eles geram.
“Nem vícios nem benefícios ambientais são computados no PIB tradicional. Se uma indústria compra um plástico para embalar o seu produto e esse plástico tem algum impacto ambiental, o PIB não reconhece o efeito econômico que essa poluição pode ter”, explica. “O PIB tem um número, que é o preço do plástico, mas não a relação entre esse plástico e a natureza”, afirma o coordenador do observatório, Daniel Vargas.
No caso da bioeconomia, os produtos brasileiros exportados incorporam serviços ambientais que não são contabilizados no PIB. Por exemplo, se um produtor rural mantém parte de sua propriedade preservada, ele oferece um serviço ambiental embutido em seus produtos. No entanto, esse serviço não é considerado na contagem econômica atual.
O estudo propõe a criação da Conta Nacional de Bioeconomia (CNBio), que integraria contas econômicas e ambientais por meio do uso de “contas-satélite”, extensões do Sistema de Contas Nacionais (SCN) que permitem análises mais abrangentes que vão além da economia tradicional.
O Observatório de Bioeconomia da FGV já deu passos significativos ao desenvolver o PIB da Bioeconomia, que identifica atividades do setor dentro das contas nacionais. Ao criar a “conta da bioeconomia”, poderia ser pioneiro e estabelecer um padrão internacional para a contabilidade relacionada à atividade, acredita Vargas.
No Pará, a marca Manioca é um dos exemplos bem-sucedidos de bioeconomia. Criada há oito anos por Joana Martins, em Belém, a empresa utiliza matérias-primas da Amazônia para produzir, de forma sustentável, seus alimentos naturais.