Ainda no contexto da Cúpula da Amazônia, um relatório internacional, divulgado nesta quinta-feira, 10, recomenda ações concretas e urgentes para que a economia responda à crise de climática com olhos na preservação da natureza e na redução da desigualdade por meio da bioeconomia.
Com o título “Colocando os mercados de natureza para funcionar: como moldar uma economia global da natureza no século 21” , o documento é resultado da união de esforços de diversas lideranças políticas, indígenas, empresariais e financeiras para redesenhar os mercados globais. A ideia é elevar a agenda da bioeconomia nas cúpulas globais, como G20, cuja presidência será exercida pelo Brasil a partir de dezembro, e COP30, que terá Belém como sede em 2025.
A Força-Tarefa sobre Mercados de Natureza, como se autodenominou, o grupo lançou o documento durante o evento “Inovação, Finanças & Natureza”, em Belém (PA). O manifesto destaca a importância de uma mudança substancial na forma como a natureza é valorizada e incorporada nas atividades econômicas.
Com sete recomendações, o documento passa por temas como atribuir um valor aos serviços fornecidos pela natureza; incluir povos indígenas e comunidades locais como protagonistas nas tomadas de decisão, a importância de evitar iniciativas que possam ampliar as desigualdades sociais; alertam para o perigo das práticas enganosas de “greenwashing”; a urgência de se enfrentar atividades ilegais e crimes contra a natureza, entre outros.
“Os mercados de natureza são uma ponte para uma mudança total em nosso sistema econômico. Não apenas financiar a mudança por meio de soluções de baixo carbono e baseadas na natureza, mas também inovações nos sistemas financeiros e econômicos para realmente atender simultaneamente às pessoas, ao planeta e à prosperidade”, disse Sandrine Dixson, presidente do Grupo de Impactos Econômicos e Sociais da Comissão Europeia e membro da Força-Tarefa sobre Mercados de Natureza.
Recomendações
O relatório propõe que as sete recomendação, embora muitas delas já estejam em andamento, sejam aceleradas e ganhem escala buscando catalisar mudanças globais com urgência e determinação. São elas:
1. Alinhar a arquitetura econômica e financeira a uma economia global de natureza que seja equitativa: ações para alinhar a arquitetura econômica e financeiras internacional, com o imperativo de promover uma economia global de natureza que seja equitativa.
2. Alinhamento de políticas de bancos centrais e instituições reguladoras: ação para ampliar os mandatos dos bancos centrais e instituições reguladoras para exigir que eles assegurem um alinhamento entre as ações dos atores financeiros, mercados e sistemas com os compromissos do governo e da política internacional para as agendas de natureza e clima.
3. Alinhar as finanças públicas com as necessidades de uma economia global e equitativa da natureza: ação para alinhar a gestão financeira do setor público aos compromissos ambientais internacionais fixados pelo Marco Global de Kunming-Montreal para a Biodiversidade.
4. Responsabilizar legalmente os mercados de commodities alimentares em relação às pessoas e ao planeta: promover o comércio global de alimentos – maior e mais impactante mercado de natureza do mundo – cobrando ações para maior responsabilidade dos mercados de commodities agrícolas frente as pessoas e o planeta.
5. Garantir melhores benefícios econômicos para os guardiões da natureza: ação para formar um ou mais “clubes de vendedores” de natureza, compreendendo tanto nações soberanas ricas em natureza quanto grupos indígenas e comunidades locais, promovendo mercados de natureza de alta integridade com preços acordados ou, se necessário, impostos.
6. Endereçar os impactos perversos dos crimes contra a natureza: ação para reduzir a frequência e o impacto dos crimes contra a natureza, estabelecendo uma exigência para que investidores e financiadores demonstrem que as cadeias de valor de seus financiamentos são livres de crimes contra a natureza.
7. Medidas convergentes sobre o estado da natureza: ação para estabelecer uma abordagem comum para medir e tornar publicamente disponível o estado da natureza em qualquer lugar do planeta.