Faz quase um ano que o Brasil comemorou 200 anos de Independência, em 7 de setembro de 1822. Mas na prática apenas uma parte do país se tornou independente neste dia. A Independência foi um processo gradativo, que se consolidou aos poucos e demorou quase um ano para que todas as províncias brasileiras aderissem ao gesto de Dom Pedro I.
O estado do Pará se uniu à Independência apenas 342 dias depois, em 15 de agosto de 1823, ou seja, há exatos 200 anos. Por isso, nesta terça-feira (15), os paraenses lembram um dos fatos históricos mais importantes do estado e do país: a adesão da então Província do Grão-Pará à independência do Brasil.
Mesmo com a independência proclamada em 7 de setembro de 1822, durante quase um ano, a elite portuguesa que vivia no Pará, principalmente políticos e comerciantes, não reconheceu o comando de D. Pedro I, que já se encontrava governando como Rei do Brasil, no Rio de Janeiro, e se manteve como colônia de Portugal.
A província foi a última a reconhecer a independência do Brasil do Reino português. Uma contradição, já que o Pará foi a primeira província brasileira a aderir às ideias da revolução constitucionalista do Porto, iniciada em Portugal em 1820.
Com todas as regiões brasileiras já praticamente integradas como nação, tropas militares foram enviadas por D. Pedro I ao Pará, tendo como um dos líderes o militar inglês John Grenfell, convidado pelo Rei para implantar a marinha brasileira.
Ele chegou a Belém, de maneira antecipada, lançando uma “fake news” como conhecemos hoje, informando às autoridades paraenses que os navios da esquadra real estariam posicionados na baía, apontados para Belém, e que deveriam aceitar a independência ou a cidade seria bombardeada e o porto fechado. As tropas, num número bem menor, ainda se encontravam no Maranhão, que havia acabado de realizar a adesão em 28 de julho do mesmo ano. Com receio da represália, o documento de adesão foi assinado.
Dentro da programação que marca os 200 anos da adesão, o Arquivo Público do estado, localizado no bairro Campina, em Belém, está com a exposição ““Bicentenário da Adesão do Pará à Independência: Registros nos Documentos do Arquivo Público”.
Os documentos podem ser vistos até o próximo dia 31 de agosto. Entre eles, a Ata original de Adesão, assinada por pelo menos 100 pessoas com representatividade política, religiosa, militar e comercial da época.
Já na noite desta terça-feira, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz celebra a data, trazendo composições clássicas e peças originais inspiradas na trajetória do Pará e de sua participação na Independência do Brasil.
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