Os investigadores da Polícia Federal calculam que serão necessários R$ 116 milhões para recuperar os 2.710 hectares de floresta desmatados por Bruno Heller, acusado de ser o maior devastador da Amazônia. A Justiça tenta obter o valor com o confisco de 16 fazendas e dez mil cabeças de gado sob propriedade do pecuarista.
De acordo com a PF, Bruno Heller seria o responsável por um esquema que envolve fraude no Cadastro Ambiental Rural (CAR), associação criminosa, invasão de terras públicas, degradação da floresta, entre outras práticas criminosas que ocorreram em uma área de grande interesse ecológico ao longo da BR-163, no oeste paraense.
Segundo cálculos do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), ele foi, sozinho, responsável pela emissão de ao menos 3,2 milhões de toneladas de gás carbônico,
As denúncias apontam que ele teria se apossado de 21 mil hectares de terras da União na rodovia, onde há diversas unidades de conservação e terras indígenas.
Apenas no período entre março e junho de 2021, a fazenda Serra Verde, que seria de Heller, mas está registrada em nome de um parente, teria desflorestado 2.710 hectares, o que equivale ao desmate de cerca de 28 hectares por dia ou 28 campos de futebol.
Segundo a investigação, ‘para atingir essa taxa de desmatamento, é necessário grande aporte e de capital financeiro, máquinas e recursos humanos”.
“O modus operandi do grupo consiste em realizar o cadastro de áreas contíguas às suas em nome de terceiros, notadamente, parentes próximos. A partir de então, a área acaba sendo desmatada para a implementação do rebanho bovino. Tal estratégia objetiva burlar a persecução penal e administrativa (multas ambientais), de modo a que qualquer imputação acabe recaindo sobre pessoas sem patrimônio”, diz o relatório da PF obtido pela reportagem de O Globo.
Além da acusação dos crimes atuais, o pecuarista á foi multado e autuado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em diferentes ocasiões no passado. Segundo o jornal, o valor das multas ambientais acumuladas entre 2006 e 2021 soma R$ 12 milhões.
No caso recente, Bruno Heller chegou a ser preso por estar em posse de uma espingarda sem registro e 350 gramas de ouro sem identificação de origem. Porém, ele foi liberado no dia seguinte a operação da PF, mediante o pagamento de fiança e o compromisso de se apresentar à Justiça Federal a cada dois meses.
“A defesa de Bruno Heller aguardará a conclusão da investigação, a qual ainda está em curso. No mais, se manifestará tão somente nos autos do processo, oportunidade em que os fatos serão esclarecidos e devidamente comprovada a inocência”, afirma o advogado Alexandre Curti.
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