Líder nacional na produção de cacau, o Pará investe no fruto como um dos pilares para o desenvolvimento de sua política de bioeconomia. O objetivo é aumentar a geração de renda e pavimentar o caminho em direção à transformação da matriz econômica do Estado, que tem potencial para chegar a US$ 120 bilhões anuais com a exportação de produtos florestais.
Um dos principais atrativos do cacau para os produtores é sua capacidade de verticalização e sua transformação em subprodutos altamente rentáveis, como o chocolate, agregando valor a essa cadeia produtiva.
“O cacau será fundamental para o desenvolvimento da bioeconomia no Pará, principalmente a partir do momento em que ele é verticalizado aqui mesmo na Amazônia. O trabalho que a gente desenvolve no Combu, chegando ao chocolate fino, é mais importante do que somente produzir o cacau”, afirma Mário Carvalho, gerente da Filha do Combu, empresa regional que produz cacau e chocolate.
Para ele, “chegar ao produto final” é a forma de o cacau contribuir para o desenvolvimento da bioeconomia, “quando ele consegue gerar riqueza aqui”, destaca o gerente.
“É preciso uma boa infraestrutura para que a bioeconomia se desenvolva em todo o seu potencial, sem se prender ao extrativismo. O cacau desempenha esse papel importante porque toda a comunidade se beneficia com a sua produção”, completa Carvalho.
Em sua política de bioeconomia, o Estado investe em produtos agroflorestais de potencial lucrativo maior do que atividades de uso do solo que causam degradação ambiental.
A meta é desenvolver e fortalecer uma economia baseada em baixas emissões de gases de efeitos estufa, de acordo com as bases estabelecidas pelo Plano de Bioeconomia, coordenado de forma transversal e multisetorial pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e lançado no final de 2022 como uma política de Estado pioneira no Brasil.
Segundo o titular da Semas, Mauro O’de Almeida, o objetivo é alcançar um modelo sustentável de desenvolvimento.
“Nós acreditamos na força transformadora da bioeconomia para gerar empregos verdes e renda em um processo capaz de se manter ao longo do tempo. No manejo da floresta, colocamos em prática o velho ditado que diz que a floresta em pé vale muito mais do que derrubada. Neste sentido, é fundamental o desenvolvimento de culturas como a do cacau”, afirma o titular da Semas.
Sustentável
Além de seu potencial econômico, o cacau é um plantio sustentável por ser eficiente na proteção dos solos contra agentes de degradação. A relação entre a plantação de cacau e a floresta é benéfica para ambos.
O cacaueiro produz matéria orgânica que é rapidamente aproveitada pelo solo, por isso, as plantas cultivadas ao lado do cacau tendem a ser mais férteis. Em contrapartida, as árvores produzem a sombra que o cacau gosta e precisa para se desenvolver.
Por estas características ambientais e econômicas, o cacau tem tudo para ser um dos principais motores da bioeconomia no Pará. Além de sua qualidade reconhecida por premiações internacionais, o fruto impressiona por sua alta rentabilidade e produtividade no Estado.
Você sabia ?
- O Pará lidera a produção nacional com mais de 53% do total movimentado no País.
- O Brasil produziu 270 toneladas de amêndoas de cacau, produção que deixa o Brasil na sétima posição mundial, segundo o IBGE.
- O cacau movimentou quase 2 bilhões de Reais no Pará, de acordo com a tabela do Valor Bruto das Produção Agropecuária (VBP) de 2022, divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
- A produção de cacau do Pará atingiu 145 mil toneladas na safra 2021/2022, com uma produtividade média de 977 quilos por hectare, quase o dobro da média nacional, de 520 kg/ha, e bem maior que a média mundial de 550 kg/ha.
- A maior parte do cultivo do cacau no Pará – cerca de 70% da produção – é feito em áreas degradadas, principalmente por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais, aliando a preservação da floresta com geração de emprego e renda.
- Medicilândia, da Região de Integração do Xingu, é o principal produtor de cacau no Estado, com mais de 44 mil toneladas produzidas anualmente, que correspondem a 34,69% da produção paraense.
- Uruará, com mais de 17 mil toneladas, cerca de 13% da produção estadual, é segundo. Em seguida estão Anapu, Brasil Novo, Placas, Altamira, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Tucumã e Pacajá.
Fonte: Agência Pará