Como resultado da Operação Xapiri-Tapajós, deflagrada em agosto pelo Ibama e outras instituições na região do Tapajós, no Pará, para conter a poluição do rio, os alertas de garimpo ilegal caíram de 212 para 20, uma redução de 90,5%, no intervalo de uma semana antes e uma semana após o início da operação.
A ação fiscalizatória, maior realizada na região, já dura dez dias e envolveu uma varredura dos afluentes do rio nos municípios paraenses Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso. Foi empregado número recorde de aeronaves na operação, sendo cinco helicópteros do Ibama e quatro do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em ação simultânea.
Com foco em unidades de conservação federais e terras indígenas, dentre elas a Munduruku, os agentes inutilizaram, até o momento, 49 escavadeiras hidráulicas, 66 dragas, 55 motores estacionários e seis tratores, em um total de 176 equipamentos. O prejuízo causado aos infratores é da ordem de R$ 95 milhões.
O início da operação, no último dia 10 de agosto, coincidiu com o Dia do Fogo, em referência a ação criminosa de infratores realizada em 2019, em que programaram uma grande queimada simultânea em conjunto em Novo Progresso, produzindo grandes focos de incêndio na Floresta Amazônica.
A operação também visa ao impedimento de que a lama decorrente dos garimpos ilegais avance pelo rio Tapajós, como ocorreu em 2021. Na época, a pluma de sedimentos resultante da atividade criminosa chegou a Alter do Chão..
Realizada em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Operação Xapiri-Tapajós também conta com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Força Nacional (FN) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Operação Xapiri
A operação recebeu o nome Xapiri em referência ao seu significado: são guardiões invisíveis das florestas, espíritos nos quais os ancestrais animais dos povos Yanomami se transformaram. Eles são evocados nos rituais xamânicos para refrescar a terra, curar o corpo e afastar as epidemias. Sua aparição é cintilante e, seus cantos, ensurdecedores.
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