Por Fabrício Queiroz
A realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) em Belém ganhou um apoio de peso. Na quarta-feira, 30, o ex-secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon declarou que é favorável à realização do maior evento sobre mudança do clima no estado, durante a abertura da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, em Belém.
“É uma excelente ideia e eu apoio plenamente”, afirmou o diplomata sul-coreano.
Para Ban Ki-Moon, a organização de uma conferência do clima no Brasil deve ser uma oportunidade para evidenciar o protagonismo da população local no debate ambiental.
“Cidadãos de Belém, o futuro do mundo está em suas mãos”, frisou.
Em outro momento de seu discurso, o diplomata recordou uma visita anterior feita a Belém, em 2007, quando assumiu o cargo máximo da ONU. Na ocasião, Ban Ki-Moon esteve na ilha do Combu e conheceu experiências das comunidades extrativistas com manejo sustentável da floresta.
“A época, eu plantei uma árvore, me encontrei com uma série de pessoas dos povos originários e pedi para que não derrubassem as árvores. Na realidade, eu tinha até a ideia de visitar de novo a ilha do Combu para ver o tamanho a que chegou a minha árvore, mas talvez eu tenha que deixar isso para depois”, relatou.
Emergência climática
Durante a conferência, Ban Ki-Moon demonstrou preocupação com o contexto atual de conflitos entre grandes nações e como esse fator contribui para o agravamento da crise climática. Para ele, o caminho para enfrentamento desse problema passa pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) que foram assumidos por um total de 195 Estados em 2015.
“Os ODS nos oferecem um caminho para que possamos resolver as questões mais criticas desse nosso tempo. Entre eles estão a pobreza, a fome, a saúde pública, a educação, a desigualdade, a mudança climática, a igualdade de gênero, além de outros. Os ODS oferecem à humanidade, assim como ao nosso planeta, um plano colaborativo de garantir o futuro que todos desejamos”, afirmou.
O diplomata ressaltou ainda que esse cenário evidencia que a estrutura produtiva do mundo precisa mudar, visando benefícios mais duradouros e não apenas o lucro imediato.
“Para enfrentar uma crise climática nós temos que transformar economias, especialmente os sistemas energéticos para o baixo carbono. Isso exige uma mudança na abordagem buscando o desenvolvimento com maior foco em objetivos a longo prazo, investimentos substantivos usando uma gama de instrumentos e inovações”, sugeriu.
Nesse sentido, ele salientou que a sociedade deve assumir um papel ativo de demandar essas transformações dos governos e que os líderes e demais gestores precisam pautar suas ações em solidariedade, cooperação e na cidadania global. Além disso, Ban Ki-Moon enfatizou a importância das populações amazônidas e outros povos originários nessa nova perspectiva de desenvolvimento.
“O equilíbrio entre a conquista do desenvolvimento sustentável e a aceleração de novas economias deve ser feita junto com preocupações sobre o papel de lideranças dos povos e comunidades indígenas. De fato, os povos e comunidades indígenas são os protetores da Amazônia e sua biodiversidade. O seu conhecimento e sabedoria, experiência e liderança serão indispensáveis daqui para frente”, frisou.