O verão amazônico provoca mudanças na dinâmica das atividades ligadas ao campo. Com a ocorrência do El Niño, a tendência é que as condições para o desenvolvimento sejam pioradas. Isso porque o fenômeno climático tem dois efeitos principais: aumento das temperaturas e diminuição das chuvas.
Em razão disso, o professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e doutor em Ciências Agrárias Cândido Ferreira Neto esclarece que todas as etapas de desenvolvimento das plantas são impactadas. Além disso, o clima quente favorece a proliferação de fungos e outros patógenos que podem causar a perda de qualidade dos produtos ou até a morte dos vegetais.
“Com a diminuição da água no solo e aumento da temperatura, haverá uma diminuição da absorção de nutrientes essenciais para as plantas. A falta de água e a deficiência nutricional contribui para a redução no crescimento da planta, como altura, número de folhas, bem como uma diminuição na formação de flores ou aumento do abortamento das mesmas, e, consequentemente, na diminuição na formação de grãos, frutos, sementes e área foliar. Dentre as culturas estão o feijão, a soja, hortaliças e algumas frutíferas”, comenta o professor.
Prejuizos para a pecuária
Já o Diretor de Operações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), Ricardo Barata, ressalta que a estação seca gera prejuízos ainda para a pecuária tradicional da região.
No período da seca, a maior parte do Marajó tem baixa das áreas alagada, isso reflete negativamente na questão do pasto, e, por consequência ,na dieta do gado, dos búfalos e na produção de leite, “que é a matéria-prima para fabricação do queijo do Marajó”, exemplifica Barata, reforçando a necessidade de adoção de medidas paliativas.
“A água é um fator essencial para o desenvolvimento de toda e qualquer cultura. Faltou água, toda a produtividade pode estar comprometida, se não houver algum fator que venha a contribuir, a exemplo da irrigação”, realça o diretor da Emater.
Da mesma forma, o professor Cândido Neto destaca o investimento em ações de mitigação e adaptação climática, manejo sustentável, uso de sistemas de irrigação, práticas de cuidado, reparo e manejo do solo, utilização de cultivares mais resistentes e com ciclos produtivos diferentes podem ajudar no enfrentamento dos danos de um clima adverso.
“O manejo é muito importante para que haja um prejuízo menor na produção. Não quer dizer que não haverá prejuízo, mas é possível mitigar isso da melhor forma possível”, orienta.
Por Fabrício Queiroz