A estiagem severa que vem reduzindo drasticamente os níveis de água na bacia amazônica pode fazer um dos maiores rios do mundo registrar uma baixa histórica. Até quarta-feira, 27, o rio Amazonas já havia baixado 7,35 metros – nos últimos 20 anos, a média de vazão em épocas de seca foi de 4,38 metros.
Em alguns tributários do Amazonas, como o lago e o rio Tefé, a água praticamente secou. Em outros pontos, o que resta está tão quente que peixes e mamíferos estão morrendo.
Com isso, o escoamento da produção e abastecimento da população com insumos básicos serão afetadps.
O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), Luís Fernando Resano, afirmou à CNN que mais de 60% do que deveria ser transportado pode deixar de ser durante este período.
Manaus decretou estado de emergência nessa quinta-feira, 28. Além da estiagem recorde que atinge a região, a cidade está coberta por fumaça de queimadas há mais de um mês, segundo o Estadão.
Ao todo, 18 municípios do Amazonas já estão em situação de emergência. Outros 37 estão em ‘alerta’ e mais cinco declararam situação de atenção, conforme a Defesa Civil do Estado.
A medição do nível do rio Amazonas é realizada há décadas pelo Porto de Manaus, na região de confluência dos rios Negro e Solimões. Nos últimos 15 dias, o rio tem baixado cerca de 30 cm diariamente, explica ((o))eco.
Tendência é piorar
E a tendência é de mais estiagem. Pelo menos até dezembro, a situação em 38 dos mais importantes rios da Amazônia – e também em quatro do Pantanal – deve permanecer crítica, com vazões abaixo da média histórica, informam O Globo e Brasil 247. A seca está sendo agravada pelas mudanças climáticas e pelo fenômeno El Niño.
Estão na lista os dois grandes formadores do rio Amazonas – o Negro e o Solimões –, além de outros cursos d’água gigantes da região amazônica, como Tapajós, Madeira, Juruá, Tocantins, Xingu e Purus. Até dezembro, toda a Região Norte deve estar sob estado de seca, que será severa principalmente no estado do Amazonas.
Em Manaus, capital amazonense, a estiagem extrema secou totalmente o Lago do Aleixo, na zona leste da cidade, relata o g1. A água deu lugar à lama, que a cada dia fica mais seca e causa rachaduras no solo. A situação já afeta a economia de quem tirava dos flutuantes do lago o “ganha-pão” da família .
Lucrando com a tragédia
Se alguns estão perdendo até mesmo seu sustento, outros estão se aproveitando da seca extrema para ganhar muito mais. Empresas de práticos começaram a cobrar uma “taxa de seca” para atracar navios cargueiros em rios do Amazonas.
Segundo o especialista em comércio Mário Pierre, ouvido pelo g1, quando os rios estão em condições normais, as empresas de práticos – homens que ancoram os navios em determinado porto – cobram, em média, R$ 70 mil por embarcação. Com a estiagem, o valor passou para R$ 800 mil.
Propagação do fogo
Além de prejudicar a população, a seca ainda facilita a propagação do fogo na região. É o que acontece em Iranduba, cidade a 27 km de Manaus, onde um grande incêndio está atingindo uma área de floresta. De acordo com o g1 e o Imediato, o fogo se espalhou por cerca de 3 quilômetro em uma região de mata. O combate ao fogo é dificultado pelo fato da área ser de difícil acesso.
Diante do agravamento da situação, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, confirmou ações emergenciais do governo federal para atender as populações amazônicas atingidas pela estiagem, relata a Folha. As medidas incluem o envio de medicamentos, água e cestas básicas, a antecipação do período de defeso da pesca e a liberação de recursos do FGTS.