Como beneficiar cerca de 590 famílias, gerando emprego e renda, e ainda contribuir para a conservação de mais de 160 mil hectares da Amazônia? Pergunte a Fernanda Stefani e Jô Alves, que em 2009 criaram no Pará a 100% Amazonia, apostando no potencial da conservação da floresta para agregação de valor e transformação do modelo de desenvolvimento econômico.
Com foco no fornecimento de produtos não-madeireiros para indústrias das áreas de cosméticos e alimentos, a 100% Amazonia estabelece a conexão das populações originárias e agricultores familiares com as empresas, aliando conhecimento tradicional com inovação e tecnologia para manter a floresta em pé.
Referência no beneficiamento, exportação e articulação da cadeia da bioeconomia, a marca conta hoje com portfolio com cerca de 50 bioingredientes oriundos de 25 espécies típicas e que hoje chegam a mais de 65 países.
Porém, a CEO da 100% Amazonia, Fernanda Stefani, avalia que o destaque é o impacto social e ambiental que o negócio propõe.
“Ao longo de 17 anos, dedicados a aprender com povos e comunidades locais como aliar tecnologia ao conhecimento ancestral para desenvolver cadeias de extrativismo sustentável, nos tornamos ponte de conexão entre produtores e empresas. Construindo relações de comércio justo e ético”, pontua a CEO.
A 100% Amazonia é caracterizada como uma empresa do Sistema B, que articula empreendimentos para construir uma economia mais inclusiva e equitativa para todos, ambiental e socialmente falando.
Os principais desafios encontrados pela 100% Amazonia foi solucionar dificuldades logísticas para escoamento dos recursos naturais, a falta verticalização e a baixa escala das produções.
E uma das soluções encontradas foi a construção de uma fábrica no município de Abaetetuba, onde são processados açaí, polpas congeladas, óleos e manteigas. O diferencial é a adequação do processo produtivo ao tempo da floresta, garantindo a regeneração e a oferta de itens diferentes a cada estação.
Para Stefani, esse é um exemplo de como é possível promover uma economia que não seja pautada na devastação.
“Entendemos que não há futuro para a Amazônia se não transformarmos a forma como nos relacionamos com ela hoje. Precisamos educar a sociedade para a conscientização do consumo, aprimorar políticas de preservação e cobrar o setor privado para mudanças sustentáveis concretas”, acrescenta.
O cenário atual de maior evidência da bioeconomia é animador para a CEO, que vê que essa perspectiva de integração com a natureza e as pessoas pode impulsionar também para mudanças nas relações entre as demais empresas.
“Buscamos inspirar outros negócios a atuarem a favor da floresta, beneficiando todos ao seu entorno. Não enxergamos concorrentes dentro da bioeconomia, mas sim parceiros em busca de um mesmo propósito: fomentar e desenvolver as oportunidades existentes na floresta”, ressalta Stefani.
Por Fabrício Queiroz
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