O meio ambiente fornece, pelo menos, US$ 58 trilhões todos os anos apenas em água doce para as pessoas e o planeta. O valor é uma estimativa divulgada no relatório “O Alto Custo da Água Barata: o Verdadeiro Valor da Água e dos Ecossistemas de Água Doce para as Pessoas e para o Planeta”.
O documento chama a atenção para os riscos e o alto custo que uma crise hídrica no mundo pode representar – a seca extrema na Amazônia é o exemplo mais recente. Os US$ 58 trilhões equivalem a 60% do PIB global, considerando dados de 2021, explicam Agência Brasil e Veja.
O relatório conclui que os benefícios econômicos diretos, como o consumo de água para residências, agricultura irrigada e indústrias, chegam a um mínimo de US$ 7,5 trilhões por ano. O documento também estima que os benefícios indiretos – que incluem a purificação da água, a melhoria da saúde do solo, o armazenamento de carbono e a proteção das comunidades contra inundações e secas extremas – são sete vezes maiores, cerca de US$ 50 trilhões por ano.
Dos US$ 7,5 trilhões de benefícios diretos, US$ 5,1 trilhões são utilizados pela indústria; residências usam US$ 1,5 trilhão; a agricultura usa US$ 380 bilhões, e transporte terrestre, energia hidrelétrica e recreação, outros US$ 460 bilhões.
Dos benefícios indiretos, US$ 27 bilhões são dos “serviços” da natureza, como a melhoria da qualidade da água e da saúde do solo, o fornecimento de sedimentos e nutrientes, e o armazenamento de carbono. A mitigação de eventos extremos, como secas e inundações, responde por US$ 12 trilhões, e a manutenção da biodiversidade, em terra, no mar e em água doce, US$ 11 trilhões.
A degradação de rios, lagos, zonas úmidas e aquíferos subterrâneos impacta esses valores e prejudica as ações contra as mudanças climáticas e pela preservação da natureza e o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, destaca o relatório.
“Precisamos lembrar que a água não vem de uma torneira, ela vem da natureza. A água para todos depende de ecossistemas de água doce saudáveis, que também são a base da segurança alimentar, pontos críticos de biodiversidade e o melhor amortecedor e seguro contra a intensificação dos impactos climáticos”, destacou a líder do WWF para Água Doce, Stuart Orr.