A seca severa na Amazônia tem prejudicado a comunidade ribeirinha que reside nas reservas extrativistas de Altamira, localizadas no sudoeste do Pará. Segundo relatos dos moradores mais antigos, esse fenômeno já ocorreu em anos anteriores, mas neste ano a redução do nível da água é ainda mais acentuada.
Na Reserva Extrativista do Riozinho do Anfrísio, situada a mais de 400 km de Altamira, apenas um estreito canal continua navegável em alguns trechos, informa o g1. O acesso se tornou tão difícil que os moradores tiveram que fazer um mutirão para remover a grande quantidade de galhos secos que obstruíam o leito do rio e dificultavam ainda mais a navegação. Eles estão praticamente ilhados, sem água potável.
“Continua secando ainda mais. Estamos com muita dificuldade pra circular no rio, porque aqui nossas estradas são fluviais. Sem água potável pra beber somos obrigados a beber água desse rio. Olha a cor que está a água”, afirma o ribeirinho Antonio Silva Matos.
Eles contam que as embarcações, inclusive as canoas, estão com dificuldade para navegar, obrigando muitas vezes os ribeirinhos a desembarcarem e seguirem a pé pelo leito do rio. E, por isso, os deslocamentos têm sido prejudicados.
Até o transporte dos estudantes foi afetado, uma vez que as crianças gastam várias horas para chegar às escolas localizadas nas reservas extrativistas.
“É muito complicado hoje o acesso do dia a dia dessas populações na comunidade. Acho que o pior momento de vida das pessoas nesta seca está sendo no dia de hoje”, diz Francisco Assis, presidente das Associações das Reservas Extrativistas da Terra do Meio.
A estiagem também se intensificou na Reserva Extrativista do Iriri, a cerca de 600 km de Altamira. Nessa região, o transporte por voadeira está mais demorado devido à grande quantidade de pedras, o que exige cuidado dos pilotos para evitar colisões com outras embarcações.