Figuras assustadoras tomam conta das ruas de Belém nesta terça-feira, 31 de outubro. O objetivo não é brincar de “travessuras ou gostosuras” como nas séries e filmes americanos típicos da época de Halloween, mas sim celebrar a cultura local em um encontro denominado Cortejo Visagento.
A expectativa é que cerca de 3 mil pessoas participem do evento que parte do maior cemitério público de Belém, o Santa Izabel, e percorre as principais ruas do bairro do Guamá, na periferia da capital. Ao longo do trajeto, contação de história, performances artísticas, concursos de fantasias e outras atividades são apresentadas pela comunidade.
O projeto surgiu por iniciativa do Espaço Cultural Nossa Biblioteca (ECNB), As ações desenvolvidas há mais de 45 anos visam a formação de leitores e o enfrentamento do estigma social que ronda o bairro, sempre muito associado à violência. Nesse sentido, o Cortejo Visagento se propõe a ser mais uma ação que mostra que o bairro do Guamá também, é promotor de cultura, educação e cidadania.
“Com 5 anos de existência e resistência, o Cortejo vem a cada ano tomando proporções maiores, o que indica que a ideia foi abraçada. O projeto tem grande importância local e vem impactando a comunidade por meio do processo de formação que crianças e adolescentes que participam de oficinas pré-cortejo, onde é resgatado o imaginário popular e o encantamento pelo que temos de melhor: a nossa cultura”, afirma Victor Ramos, um dos coordenadores do evento.
Assim como nas edições anteriores, o Cortejo tem uma personagem homenageada e um tema. Neste ano, a figura escolhida foi da Iara, que dialoga com o tema “Água: a mãe da vida pede socorro”.
De acordo com a organização, a proposta é reforçar o debate sobre as mudanças climáticas na região amazônica e evidenciar como esses fenômenos geram impactos também para as populações urbanas.
“Desejamos chamar a atenção de nossa comunidade para o drama ambiental que vivemos e nosso papel de relevância neste contexto. Moramos em um bairro com características ribeirinhas e somos filhos do rio Guamá. Apesar de não termos acesso a ele, visto que sua orla está privatizada em nosso território”, comenta Victor Ramos.
Por Fabrício Queiroz