Apesar de ser uma das principais atividades econômicas da região amazônica, a cadeia produtiva da pecuária demonstra pouco controle sobre a origem do gado abatido e comercializado. Essa foi a constatação do Radar Verde 2023, realizado pelo Imazon e pela organização O Mundo que Queremos.
Os dados mostram que dos 132 frigoríficos que atuam na região, apenas 38 – equivalente a 29% – possuíam um site para apresentação de informações. Ou seja, 71% não possuem site ou apresentam dados sobre seus fornecedores e a cadeia produtiva em qualquer plataforma.
Além disso, 92% do total de empreendimentos analisados tiveram o índice de transparência pública com grau de controle classificado como muito baixo. Outros 7% foram classificados com grau baixo e somente 1% obteve o grau de controle intermediário.
O levantamento avalia iniciativas de frigoríficos e supermercados, em todas as etapas de sua cadeia de fornecedores. A ideia é que esses empreendimentos demonstrem que a carne bovina que compram e vendem não está relacionada ao desmatamento da Amazônia Legal.
Como foi feita a análise
Nesta pesquisa, o Radar Verde analisou as informações de três indicadores: o grau de transparência pública, que é medido com base na avaliação dos dados públicos disponibilizados pelas empresas em seus sites; o Grau de Controle da Cadeia, que avalia as políticas contra desmatamento e indicadores de desempenho das empresas; e o Grau de Exposição ao Desmatamento, que é uma metodologia desenvolvida pelo Imazon que sobrepõe a atividade frigorífica à áreas degradadas ou embargadas.
Outro fator analisado foi o grau de exposição ao desmatamento devido à falta de transparência sobre sua cadeia produtiva, o que abre brecha, por exemplo, para a aquisição de gado de fornecedores indiretos.
Nesse quesito, foi revelado que JBS S/A, Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos S/A, Frigo Manaus, Masterboi LTDA, Minerva, Mercúrio Alimentos S/A, Rio Beef Frigorífico, Amazonboi, Frig S/A e Frigorífico Redentor S/A estão expostos ao risco de aquisição de gado oriundo de áreas de desmatamento ilegal.
Por sua vez, do total de 69 redes varejistas, apenas 47 possuíam site. Mais preocupante ainda foi a identificação de que somente três dessas empresas (Assaí, Carrefour e GPA) realizam auditoria de seus fornecedores diretos. Isso significa que grande parte das maiores redes supermercadistas não leva em conta critérios socioambientais para manter ou encerrar a compra de carne de determinados fornecedores.
“O Radar Verde é necessário para estimular o engajamento de frigoríficos e supermercados a exigir de seus fornecedores maior controle e transparência na produção do gado que vendem, uma vez que desde que o boi nasce até o abate e processamento de sua carne ele passa por diversas fazendas, algumas das quais podem estar situadas em regiões de área desmatada”, frisa o relatório.
Confira os dados completos neste link.