O Pará encerrou 2023 com uma queda de 46% nos alertas de desmatamento, segundo os dados gerados pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O levantamento mostra que, de janeiro a dezembro do ano passado, o risco de devastação atingiu 1.905 km², cerca de 1.604 km² a menos quando comparado com igual período de 2022, quando foram registrados alertas em uma área de 3.509 km².
O recuo do desmatamento no estado acompanha a tendência geral da Amazônia Legal. De acordo com o Inpe, 10.278 km² da região estavam sob alerta em 2022, quando o índice de desmatamento bateu recorde. Já durante o último ano, o risco caiu pela metade, com alertas emitidos em 5.152 km² o final de dezembro.
A queda do desmatamento no Pará também já havia sido atestada pelo sistema Prodes. A pesquisa que leva em conta os dados oficiais gerados entre agosto de um ano e julho ano seguinte mostraram que a devastação foi 21% menor no comparativo com 2022.
Em entrevista à Agência Pará, o secretario de estado de meio ambiente e sustentabilidade, Mauro Ó de Almeida, atribui o resultado à estratégia de integração entre ações de combate a crimes ambientais com políticas de incentivo à regularização, rastreabilidade e desenvolvimento da bioeconomia.
“O Pará constrói desde 2019 uma política ambiental que vem sendo solidificada em um arcabouço legal e executada em diversas frentes com base na integração de ação por parte dos órgãos estaduais. São ações preconizadas pelo Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), direcionadas para fiscalização e monitoramento ambientais, ordenamento territorial, fundiário e ambiental, desenvolvimento socioeconômico baseado em atividades de baixas emissões de gases de efeito estufa, além de financiamento de longo alcance”, avaliou o secretário.
Apesar dos indicadores positivos, o Pará ainda lidera o ranking do desmatamento no ano passado. Foram 1.903 km² desmatados no estado em 2023. Mato Grosso e Amazonas aparecem na sequência com 1.408 km² 894 km² de área nativa perdida, respectivamente.
Para a coordenadora de política públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, a preservação do bioma depende da implementação do plano de prevenção e controle, que já foi responsável pela queda de 83% na taxa de desmatamento até 2012.
“O desafio agora é aplicar o PPCDAm em sua integralidade, reforçando a correta destinação das florestas públicas e o fomento a atividades produtivas sustentáveis”, disse Suely ao G1.