Por Fabrício Queiroz
O Pará tem verdadeiros tesouros a serem descobertos e usufruídos por meio do turismo. Entre os inúmeros encantos está a ilha de Maiandeua, no município de Maracanã, que recentemente passou a integrar Sistema de Informações do Mapa do Turismo Brasileiro (Sismapa). Por lá, as praias, a paisagem rústica e a rica biodiversidade são alguns dos atrativos que tem conquistado visitantes do Pará e de fora do estado interessados no ecoturismo, que é celebrado nesta sexta, 1º de março.
Com tantas belezas, as vilas de Algodoal e Fortalezinha se tornaram balneários disputados no nordeste paraense, porém a falta de controle e fiscalização sobre essas atividades virou uma preocupação para as comunidades locais que defendem a conservação da ilha, que é uma Área de Preservação Ambiental (APA).
Movidos por essa visão e estimulados pelo contato com o ecoturismo, um grupo de jovens se propôs a desenvolver uma alternativa mais sustentável para a atividade econômica na ilha, com o projeto Conduz Maiandeua. Tudo começou com a participação deles em uma experiencia de birdwatching, que propõe a observação de aves em seus habitats naturais.
“Essa oficina formou um grupo que decidiu valorizar e olhar a natureza de forma diferente, como um potencial a mais de geração de renda e também de gerar sensibilização nas pessoas através da conservação das áreas de manguezais, principalmente”, conta o guia de ecoturismo e estudante do curso de desenvolvimento rural, Thiago Trindade, mais conhecido como Thiago Maiandeua.
Conexão com o meio ambiente
Com o lema “na contramão do turismo predatório em Maiandeua”, o projeto oferece atividades diferenciadas que visam a conexão dos visitantes com o meio ambiente, a cultura e os modos de vida das comunidades locais. As vivências propostas incluem o exercício do birdwatching, trilhas ecológicas, produção de instrumentos musicais, pesca, rodas de carimbó, oficinas de bioconstrução, entre outras, inclusive passeio nas praias.
“A gente tenta fazer a nossa parte, enquanto nativo, dar uma alternativa mostrando para o turismo que é possível valorizar a natureza junto com a gente e fazer dela algo melhor para usufruir em comunhão com a comunidade”, afirma Thiago.
Dessa forma, a proposta dialoga com as peculiaridades da vida na ilha. Ainda que esses aspectos sejam o que torna Maiandeua única, esse tipo de experiência ainda busca afirmar sua importância diante de um mercado que ignora o potencial local.
“Hoje, o forte mesmo é o turismo de praia e de restaurante. As pessoas já nem passam mais pela comunidade de Fortalezinha, por exemplo. Elas saem da estrada direto para a praia, principalmente se a maré estiver cheia. Esse tipo de turismo que não vivencia essas atividades e é o que ganha mais força atualmente”, lamenta o guia.
Público de fora
Os diferenciais propostos pelo Conduz Maiandeua têm chamado atenção tanto do público paraense quanto de visitantes de fora do estado ou do País que chegam ao projeto principalmente pelo contato via redes sociais. A ideia também foi reconhecida em 2022 por um programa de apoio a jovens ativistas pelo meio ambiente patrocinado pela Embaixada da França no Brasil.
Mas para Thiago Maiandeua, as principais conquistas do projeto são o fortalecimento da organização social da comunidade em torno da preservação da APA e da cultura e tradições da ilha.
“Ver a cultura se fortalecendo é uma grande conquista pra gente”, destaca Thiago Maiandeua.