Os ingredientes que dão vida e sabores únicos à gastronomia regional estão conquistando cada vez mais novas fronteiras. Atualmente, produtos como o tucupi, cumaru, puxari e tapioca estão mais populares no Brasil e tendem a se tornar ainda mais conhecidos com a parceria da startup Manioca com a gigante alimentícia Ajinomoto. A aliança deve permitir o aumento da produção e o desenvolvimento de novos produtos.
O contato entre as duas empresas ocorreu a partir da seleção da Manioca para o Ajinolab, uma iniciativa de inovação em que a companhia japonesa buscou a diversificação do portfólio com base em experiências que valorizam a biodiversidade e a geração de impactos sociais e ambientais positivos. Esse foi o primeiro investimento da Ajinomoto em uma foodtech de fora do Japão.
“A decisão de estabelecer essa colaboração foi determinada pelo compromisso que temos de expandir nossa linha de produtos saudáveis, buscando atender às crescentes demandas do mercado. A missão da Manioca, alinhada à valorização da biodiversidade da Amazônia, pautada no comer bem e fazer o bem, ressoa com os valores e princípios da Ajinomoto”, afirma o presidente da empresa no Brasil, Shigeo Nakamura.
Com isso, a ideia é desenvolver um plano colaborativo de negócios, que contemple, por exemplo, estratégias para aprimorar a distribuição e a inovação no ramo de alimentos saudáveis. A empresa paraense também espera que a parceria alavanque as vendas diretas ao consumidor, que hoje tem acesso aos produtos por meio do site e de 150 pontos de vareja espalhados em 21 estados do país.
“Temos um sonho grande que é estar na casa de todo brasileiro”, disse Joanna Martins ao Reset.
Ela é uma das fundadoras da foodtech ao lado do empresário Paulo Reis, que dirige a recém-criada Associação de Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (ASSOBIO).
Relação com agricultura familiar e comunidades tradicionais
Ao longo de uma década, a empresa foi ganhando espaço pelo trabalho que alia tradição e inovação. O modelo de negócio é baseado na oferta de insumos típicos da Amazônia com uma linha de produtos diversos, como farinhas, granolas, temperos, pimentas e geleias.
Para isso, a Manioca estruturou uma cadeia produtiva e relações de comércio justo com 45 famílias da agricultura familiar e povos e comunidades tradicionais da região, em que há a preocupação em ajudar esses negócios familiares a lidar com demandas do mercado. Isso, além de investir em campanhas de divulgação para que os consumidores de fora conheçam e aprendam a cozinhar com os ingredientes locais.
“Eles não estão acostumados a atender uma indústria, por exemplo, que quer um produto mais padronizado, embalado de uma forma adequada, que seja pedido e entregue em um prazo específico, que tenha nota fiscal”, destaca Joanna.
A expectativa é que a nova parceria inspire também os projetos de outras empresas do ramo para investir não só na exploração das matérias-primas locais, mas principalmente na agregação de valor e no reconhecimento dos empreendedores locais tocados por grupos familiares e comunidades tradicionais, fortalecendo assim a economia e a rede de fornecedores da região.