Por Fabrício Queiroz
O clima de Carnaval já toma conta do Brasil, mas além de música, alegria e brincadeiras, esse pode ser um momento para despertar a consciência ambiental. Essa é a proposta de alguns blocos tradicionais que desfilam em diferentes regiões do estado. Pensando nisso, o Pará Terra Boa preparou uma lista com as atrações que tornam a folia de Momo muito mais sustentável.
1 – Pretinhos do Mangue – Em Curuçá, no nordeste paraense, as fantasias dos brincantes vêm da lama dos manguezais da região. Usando a criatividade e esse recurso abundante, o Pretinhos do Mangue busca aliar a diversão com o alerta sobre a importância da preservação desse ambiente que cobre mais de 66% do território do município.
Não à toa, o bloco ganhou renome nacional e já foi reconhecido como patrimônio cultural do Pará. Quer curtir o Carnaval coberto de lama? Então, não perca o desfile que está marcado para o domingo, 11.
2 – Cordão da Bicharada – Também no nordeste do estado, o município de Cametá é um dos principais destinos dos visitantes nessa época. Além dos trios elétricos e artistas regionais e nacionais, uma das atrações da cidade é o Cordão da Bicharada, em que crianças, adolescentes e adultos da Vila de Juaba se fantasiam de animais para fazer um apelo ambiental.
A idealização foi de Zenóbio Ferreira, morador local, que diz que se inspirou nas histórias que ouvia do pai e nos livros que lia para criar uma festa carregada de cores, alegria e uma preocupação com a preservação da biodiversidade. O desfile da bicharada ocorre nesta sexta-feira, 9, na abertura do Carnaval cametaense.
3 – Só no Mapiri que Tinha – A temática ecológica também tem vez em Santarém, no oeste do estado. Lá, os moradores do bairro Mapiri se unem desde 2016 para brincar, mas também para chamar atenção para a processo de degradação dos lagos do Mapiri e Papucu.
O bloco percorre as ruas ao som de marchinhas tradicionais e também de composições próprias, que citam, por exemplo, espécies de peixes que eram facilmente encontradas, mas hoje sobrevivem apenas na memória dos foliões. Uma delas é o jaraqui, que é o símbolo do Só no Mapiri que Tinha. Neste ano, a agremiação desfila na terça-feira, 13.
4 – Bloco orgânico – Em Maiandeua, no município de Maracanã, a folia é curtida ao som do carimbó pau e corda que embala o Bloco Orgânico. Na programação, marcada para sábado, 10, os moradores e visitantes são convidados a dançar e refletir sobre a importância da valorização das raízes culturais da região e a conservação e o manejo sustentável desta Área de Preservação Ambiental (APA).
5 – Crias do Curro Velho – Em Belém, há 33 anos, o Núcleo de Oficinas Curro Velho realiza um cortejo tradicional marcado pela presença de crianças e jovens e pela elaboração de fantasias com materiais recicláveis.
Tudo passa por um processo formativo em que os participantes se tornam protagonistas da construção do Carnaval, que culmina com um desfile da escola de samba Crias do Curro Velho,. Neste ano, o enredo é “Natureza, eco dos elementos e elementais”, que ocorre no dia 24 de fevereiro.
“A gente sempre procura trabalhar temas que causam reflexão, sobre questões sociais, ambientais ou culturais. Em razão também do foco da COP 30, a gente trouxe esse tema, a natureza, que vamos procurar abordar de maneira diferente. Usamos o tema para causar impacto nos participantes e no público que vai assistir ao desfile”, explicou o coordenador de Iniciação Artística, Jorge Cunha.