Alguns minerais, como lítio e cobalto, são estratégicos para promover a transição energética, com consequente descarbonização da economia global e eliminação dos combustíveis fósseis. Há uma corrida mundial em busca desses metais, e o Brasil, que dispõe de reservas consideráveis de alguns deles, sai nessa “disputa” com certa vantagem. Mas precisa estar atento para evitar os graves impactos socioambientais costumeiramente causados pela mineração.
Para acelerar a produção nacional, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o BNDES vão lançar na próxima semana um fundo para investimentos em projetos de minerais para a transição de até R$ 1 bilhão. Dessa cifra, o banco vai aportar até R$ 250 milhões, com participação limitada a 25% do total. Os demais recursos são esperados de outros investidores nacionais e internacionais, explica o Valor.
O Fundo de Investimento em Participações (FIP) Minerais Estratégicos no Brasil será lançado no Prospectors & Developers Association of Canada (PDAC), a principal convenção de mineração e exploração mineral do mundo, informa o UOL. Seus recursos serão destinados a empresas júnior e de médio porte com projetos de pesquisa mineral, desenvolvimento e implantação de novas minas de minerais estratégicos no Brasil. A ideia é que o fundo invista em 15 a 20 empresas.
Serão priorizados minerais como cobalto, cobre, estanho, grafita, lítio, manganês, nióbio, silício, titânio, tungstênio, urânio e zinco. Fosfato, potássio e remineralizadores, usados para fertilização do solo, também estão no rol de elementos abrangidos pelo fundo.
“Não há transição energética sem mineração e sabemos que o Brasil, com seu amplo território, diversidade geológica e riqueza mineral, será o protagonista”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em comunicado.
E é justamente aí que mora o perigo. O Observatório da Mineração reitera que o mundo depende da extração desses metais para colocar a transição em prática. Mas destaca que o problema é que essa expansão muitas vezes repete o padrão histórico do setor mineral, de pouco retorno à sociedade, enormes conflitos gerados e um passivo socioambiental gigantesco.
Assim, mudar esse modelo mineral é urgente para que o Brasil e o mundo quebrem o ciclo neoextrativista e garantam uma transição efetivamente justa.