O aproveitamento sustentável dos recursos oferecidos pela natureza é uma característica comum das estratégias de geração de renda desenvolvidas por comunidades extrativistas, populações tradicionais e agricultores familiares na Amazônia. Um trabalho que tem impacto direto na segurança alimentar, na geração de renda e conservação do bioma, ajudando a manter cerca de 28 milhões de hectares de floresta em pé.
As estimativas são da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (Seaf), criada em 2023, para atuar junto aos pequenos produtores rurais, sejam eles agricultores, quilombolas ou extrativistas. De acordo com a pasta, o universo é de aproximadamente 250 mil famílias paraenses.
As ações envolvem o planejamento estratégico, visando a agregação de valor aos produtos por meio da bioeconomia e o apoio à assistência e organização desses grupos. Entre eles está a Associação de Produtores e Produtoras Rurais de Campo Limpo, localizada no município de Santo Antônio do Tauá, onde funciona uma fábrica comunitária de extração de óleos essenciais de espécies nativas que servem de matéria-prima para a fabricação de cosméticos da Natura.
“Para nós, agricultoras familiares, a implantação da fábrica foi uma oportunidade de geração de trabalho para nossos jovens, aumento dos ingressos econômicos na comunidade e apoio a nossa prática de produção sustentável”, afirma a presidente da Associação, Dilma Lopes à Agência Pará.
Além dos óleos essenciais e dos biocosméticos, produtos elaborados a partir de frutas típicas, chocolate, queijo, artesanato e biojoias são exemplos do potencial criativo das populações locais e como é possível explorar a natureza de forma responsável.
Uma amostra disso foi presenteada aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; e da França, Emmanuel Macron na recente visita deles ao Pará. Os chefes de Estado firmaram acordos e anunciaram investimentos para a bioeconomia da Amazônia, mas também levaram na bagagem produtos derivados do açaí e da mandioca, mel de abelhas nativas, chocolates, castanha-do-Pará, artesanato de miriti e outros itens que são frutos da relação harmônica existente entre as populações tradicionais e a natureza.
“Não adianta apenas combater as mudanças climáticas, é importante que as pessoas que vivem e produzem na floresta melhorem a qualidade de vida delas também”, pontuou José Filho, presidente da Cooperativa Mista Agroextrativista da Reserva Extrativista Arioca-Pruanã, de Oeiras do Pará.
Para a Seaf, é necessário apostar na valorização das comunidades extrativistas e de agricultores familiares por meio da ampliação das ações de assistência e de organização desses grupos.
“Desenvolver a economia da sociobiodiversidade e agregar valor aos produtos das comunidades locais é o melhor caminho para garantir a floresta viva e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem nas áreas de floresta”, reforça o secretário, Cássio Pereira.